O fim do Black Sabbath | RD #066

Marcelo Scherer
9 minutos de leitura

Em uma edição especial e emocionada do podcast “Redação DISCONECTA”, os hosts Luis Fernando Brod e Marcelo Scherer mergulharam nos detalhes e emoções do evento “Black Sabbath: Back to the Beginning”, um show de despedida marcante para Ozzy Osbourne e um tributo à lendária banda Black Sabbath. O episódio, repleto de análises e reflexões, abordou desde a grandiosidade da produção até os momentos mais íntimos e controversos da noite.

O show, com ingressos esgotados rapidamente, atraiu uma enorme multidão, com 44 a 45 mil ingressos vendidos. A transmissão online, adquirida por um valor acessível, permitiu que mais de 5 milhões de pessoas assistissem ao evento de suas casas. Apesar de um atraso de 3 horas no Brasil, a gravação ficou disponível por 48 horas, e houve até pirataria, com o show ripado totalizando 35 GB. O evento, que se estendeu por mais de 9 horas, contou com diversas bandas, supergrupos, o show solo de Ozzy Osbourne e, claro, a performance final do Black Sabbath. Notavelmente, todos os fundos arrecadados foram direcionados a instituições de caridade focadas em Alzheimer e Parkinson, doença que Ozzy Osbourne enfrenta. Os hosts elogiaram a organização e curadoria de Tom Morello e Sharon Osbourne, destacando o palco inovador que girava 180º.

A superação de Ozzy Osbourne

A expectativa em torno de Ozzy Osbourne era imensa, dada sua recente debilitação de saúde e a dúvida sobre sua capacidade de cantar. No entanto, o “Príncipe das Trevas” “calou a boca de muita gente”, cantando por 33 minutos em sua parte solo (cinco músicas) e mais quatro com o Black Sabbath, totalizando quase uma hora de show. Mesmo muitas vezes sentado e com o auxílio de um vocal de apoio (“VS”), Ozzy estava “visivelmente emocionado” e “louco querendo levantar”. Sua performance em “Mama, I’m Coming Home” foi descrita como “a coisa mais bonita” e gerou “muita emoção”, fazendo muitos fãs chorarem. O show marcou o “fim da carreira do Oz” em termos de turnês, embora ele possa continuar gravando material em estúdio.

O Black Sabbath tocou quatro músicas icônicas e “bem acertadas”: “War Pigs”, “N.I.B.”, “Iron Man” e “Paranoid”, iniciando com o clássico sino, relógio e chuva de “Black Sabbath”. Os hosts destacaram uma cena pós-show, não exibida na transmissão original, onde Tony Iommi abraçou Ozzy e Geezer Butler trouxe um bolo, demonstrando carinho entre os membros e dissipando especulações de que Ozzy teria sido “sacaneado” ou “deixado sozinho na cadeira”. A crença geral é que o Black Sabbath “não devem mais se reunir para tours”, principalmente porque Ozzy “não talvez não aguentaria sair em turnê longa”. No entanto, a possibilidade de gravação de material em estúdio ainda existe.

A participação de Bill Ward gerou debates, apesar de sua destreza na bateria não ser mais a mesma dos anos 70 e de não tocar com a banda desde 2015, sua presença foi vista como “o simbolismo de cara 60 anos de banda”. Houve críticas de que ele “estava nitidamente fora de forma” e “errou a entrada de War Pigs”. Contudo, os hosts defenderam sua participação, afirmando que ele “pode errar a hora que ele quiser”. Para eles, o simbolismo de vê-lo novamente com a banda superou qualquer falha técnica, comparando inclusive com o baterista do Alice in Chains, muito mais jovem, que também cometeu erros.

Destaques e decepções das performances

  • Destaques Positivos:
    • Pantera: “Matou a pau” e mostrou-se “entrosada”, com Phil Anselmo “berrando no momento certo” e mantendo a afinação. O cover de “Planet Caravan” foi “bem legal”.
    • Slayer: Uma “apresentação sensacional”, chegando e afirmando “a gente é o Slayer cara”, com “Rain in Blood” descrita como uma “locomotiva”.
    • Gojira: “Deram conta do recado” e “chegaram com os dois pés na porta”.
    • Rival Sons: Considerada “uma das melhores e maiores bandas da atualidade”, com “qualidade sonora impressionante”.
    • Guitarristas Jake E. Lee e Nuno Bettencourt: Ambos foram “muito elogiados”, com Jake E. Lee exibindo “mega presença de palco” e Nuno Bettencourt “esmilhando a guitarra o tempo inteiro” com “coração do cara ali tocando”.
    • Supergrupos: Contaram com nomes como Steven Tyler (Aerosmith) e Rone Wood (Rolling Stones), que “estava no tributo do Black Sabbath foda”, além de Brian May (Queen) nos bastidores.
    • Youngblood: Apesar da controvérsia, ele “cantou bem pra caralho Changes”, surpreendendo muitos.
    • David Draiman (Disturbed): Cantou “Shots in the Dark” e “Sweet Leaf” e “mandou bem”, apesar de ter sido vaiado por questões políticas.
    • Zakk Wylde: Descrito como um “bicho” com “presença impressionante”, “merece muito mais”, e sua relação com Ozzy é de “godfather”.
    • Tommy Clufetos e Adam Wakeman: O último baterista a tocar com Black Sabbath e Ozzy, e o tecladista (filho de Rick Wakeman), respectivamente, foram elogiados por suas contribuições.
    • Jack Black: Imitou Ozzy, adicionando um toque de humor.
  • Destaques negativos:
    • Alice in Chains: A voz de William DuVall foi “decepcionante” e “deixou muito a desejar”, especialmente nas músicas próprias da banda, atribuída à “falta de ensaio” e “muito tempo sem tocar juntos”.
    • Guns N’ Roses: Atrasos e problemas técnicos (microfonia e falta de retorno para Axl Rose) afetaram a performance. Axl, com “voz de quem tá gripado”, insistiu em cantar no tom original. Contudo, foi a primeira vez que Axl conheceu Ozzy de verdade, e ele “curtiu muito”.
    • Lzzy Hale (Halestorm): Embora a cantora seja “acima da média”, a banda foi considerada “meio b” para o gosto pessoal dos comentaristas, apesar de reconhecerem sua popularidade e conexão com o Black Sabbath.
    • Metallica: Atrasou para entrar no palco, gerando especulações sobre “proposital” ou “estrelismo”. No entanto, a banda “matou a pau” com seu repertório, destacando a influência do Black Sabbath em seus riffs.

Bastidores

O ator Jason Momoa (Aquaman) atuou como mestre de cerimônias, descrito como “mais louco que o Batman”. Os bastidores mostraram uma grande camaradagem, com Sammy Hagar abraçando Steven Tyler e Lars Ulrich (Metallica) com uma expressão de criança em um parquinho, descrevendo o evento como um “acampamento de metal”. Um momento “OK OK” foi o pedido de casamento do DJ Sid Wilson (Slipknot) a Kelly Osbourne.

O Black Sabbath foi reafirmado como fundamental para o rock pesado, sendo “pais do doom”, “trash metal”, “stoner”, “heavy metal” e até do “grunge”. A importância desses caras é “inegável”. Tony Iommi continua ativo, lançando músicas e relançando álbuns antigos do Sabbath. Há o anúncio da descoberta de material inédito do Earth, a banda pré-Black Sabbath. Ozzy e Bill Ward também mencionaram a possibilidade de gravar novos materiais.

Em suma, o evento foi uma “bela forma de ter se encerrado uma bela história”, não apenas para o Black Sabbath, mas também para a carreira de turnês de Ozzy Osbourne. Foi um show “muito bom” e “emocionante”, que permitiu ao público ver “o amor que esses caras têm pelo público”. A resenha encerra com a percepção de que, embora o Black Sabbath possa ter encerrado suas turnês, “a história acaba por aqui”, mas o legado continua, e “se não fosse por eles, cara, talvez nós nem estivéssemos aqui hoje falando, fazendo podcast”.

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