Queen: os 50 anos de “A Night at the Opera”

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Capa do álbum "A Night at the Opera" do Queen

Após Sheer Heart Attack, de 1974, o Queen vivia um momento complexo: ao mesmo tempo em que conquistaram a atenção do público e obtiveram sucesso comercial, também estavam financeiramente quebrados, por conta do contrato nada favorável que assinaram com sua gravadora na época, a Trident Studios. Por conta disso, tomaram as medidas legais ao contratarem um advogado ao final daquele ano, romperam com a companhia, e assinaram com a EMI no Reino Unido e a Elektra nos EUA.

Também contrataram John Reid como agente (o mesmo de Elton John), que os aconselhou a irem a estúdio e fazerem o melhor álbum que pudessem. Assim seguiram: chamando Roy Thomas Baker como produtor (com quem só voltaram a trabalhar em Jazz, de 1978), passaram entre do final de agosto ao início de novembro de 1975 gravando, mas usaram 7 estúdios diferentes pela Inglaterra, com equipamentos mais modernos e instrumentos menos comuns para o Rock, o que elevou o orçamento nas alturas, sendo registrada como a produção mais cara para a época, custando 40 mil libras (423,8 mil libras em 2023).

Quando A Night at the Opera foi lançado em 21 de novembro de 1975, há 50 anos, esses valores pareceram justificados: havia grandiosidade naquele trabalho, quase beirando a megalomania, com sons bem peculiares se tratando de Rock, mesmo em uma época em que extravagâncias não eram incomuns, especialmente no Progressivo, estilo no qual se aventuraram em seus primeiros registros. O Queen colocou coros, orquestras, diversas camadas sonoras e fez de sua música algo bastante distinto, o que se aprofundaria e tornaria sua assinatura nos que vieram a seguir.

Isso se reverteu em ótima recepção crítica e aclamação do público, atingindo o topo das vendas no Reino Unido e ficando em 4º lugar nos rankings dos EUA. Muito disso, claro, se deu ao estrondoso sucesso de Bohemian Rhapsody, lançada algumas semanas antes e que, mesmo sendo mais longa e com estrutura pouco comum, caiu nas graças do público. Não foi para menos: com narrativa dramática e misturando tons operísticos a um Hard Rock certeiro, a faixa é capaz de conquistar qualquer um. Não à toa, tornou-se momento de catarse ao vivo, tanto para o público, quanto para o próprio quarteto, sendo presença quase obrigatória em seus setlists.

You’re My Best Friend, bem mais simples e direta, também foi single e se tornou recorrente nos shows da banda, chegando a integrar sua primeira coletânea, Greatest Hits, de 1981. Mais do que ela, porém, se destacou Love Of My Life, sobretudo quando passaram a apresentá-la ao vivo com arranjos diferentes dos de estúdio, ficando marcada principalmente pelas apresentações na América do Sul, em especial no Brasil durante o primeiro Rock In Rio, em 1985.

Muitos outros também são os destaques de A Night at the Opera, contudo: desde a enérgica abertura com Death on Two Legs (Dedicated To…), passando pela mais calma Lazing on a Sunday Afternoon, o álbum segue nessa variação ao longo de sua tracklist, que inclui pérolas menos lembradas como 39 ou The Prophet’s Song, encerrando com uma reinterpretação de God Save The Queen, o hino do Reino Unido, uma ode à coroa britânica, mas convertida em uma celebração do quarteto, sempre executada no encerramento de suas apresentações.

Ouvindo os 3 discos anteriores do Queen, ainda que bastante distintos, parecia inevitável que chegassem ao resultado que alcançaram aqui: já havia intenções de grandiosidade em seu som, que só foram amplificadas a cada novo lançamento e culminaram em A Night at the Opera. Mesmo que assim não fosse e o resultado geral ficasse abaixo do esperado, já valeria só pela existência de Bohemian Rhapsody. Felizmente, não foi o caso.

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