Bon Scott permaneceu à frente do AC/DC por apenas seis anos. Nesse curto período, gravou sete álbuns de estúdio e ao vivo. Sua voz rouca, com timbre inconfundível, acabou se tornando um dos traços mais reconhecíveis da fase inicial da banda australiana.
Scott ingressou no AC/DC em 1974, substituindo Dave Evans. Na época, os irmãos Angus e Malcolm Young buscavam uma voz que correspondesse à crueza do som. Encontraram em Bon não apenas um vocalista, mas um parceiro de cena que dominava o palco com espontaneidade e descontrole calculado.
Exilado da Escócia com a família ainda criança, Bon se adaptou ao ambiente australiano sem perder o sotaque e a postura rebelde. Antes de entrar no AC/DC, havia passado por bandas como The Valentines e Fraternity, onde já demonstrava vocação para o protagonismo.
O primeiro álbum com o grupo foi “High Voltage”, lançado em 1975. As gravações seguintes – como “T.N.T.”, “Let There Be Rock” e “Powerage” – reforçaram sua figura de narrador de histórias de rua, com letras centradas em bebida, sexo e vida noturna.
Seu último disco com o grupo foi “Highway to Hell”, de 1979. Produzido por Mutt Lange, o álbum levou o AC/DC ao mercado norte-americano. A faixa-título se tornaria um símbolo da banda nas décadas seguintes.
Bon Scott morreu em 19 de fevereiro de 1980, aos 33 anos, após uma noite de consumo excessivo de álcool. A banda considerou encerrar as atividades, mas decidiu seguir com Brian Johnson nos vocais. Poucos meses depois, lançaram “Back in Black”, em homenagem ao vocalista anterior.
Mesmo após sua morte, a figura de Bon Scott permanece como uma referência visual e sonora do AC/DC. Sua postura direta, aliada ao humor ácido e à entrega nos palcos, moldou a imagem da banda nos anos 1970.
10. Hell Ain’t a Bad Place To Be (1977)
O AC/DC, na música “Hell Ain’t a Bad Place to Be”, faz uma versão comovente e menos moral de “Use Me”, o clássico de Bill Withers de 1972. A letra, interpretada por Bon Scott, mostra o protagonista aceitando as atitudes e as escapadas de sua parceira pela cidade, contanto que ele seja o último a encontrá-la no final da noite.
09. Ride On (1976)
A canção “Ride On” é uma reflexão sobre a vida solitária na estrada. Sua letra, que se tornou ainda mais melancólica após a morte de Bon Scott em 1980, detalha sua melancolia por garrafas vazias, promessas não cumpridas e seus próprios “maus hábitos”, mas ele também revela que ainda não está pronto para mudar.
08. It’s a Long Way to the To (If Wanna Rock N’ Roll) (1975)
O som alto da gaita de foles de Bon Scott nesta música, além do volume do rock and roll, era algo que irritava os pais de muitos fãs. Essa melodia servia como um lembrete oportuno de que o sucesso instantâneo na indústria musical era, na verdade, o resultado de anos de trabalho árduo.
07. The Jack (1975)
A música “The Jack”, do AC/DC, não é sobre um jogo de cartas, apesar do que a letra oficial pode sugerir. É um segredo conhecido entre os fãs de rock que a canção se refere a uma doença sexualmente transmissível que Bon Scott e seus colegas de banda contraíram. Durante shows, a banda costuma usar letras diferentes para deixar esse significado mais explícito.
06. Shot Down in Flames (1979)
A humildade, que secretamente alimenta as melhores músicas de Bon Scott, é evidente em “Shot Down in Flames”. A canção narra a história do protagonista na cidade em busca de amor, mas sua abordagem é completamente equivocada. Ele comete erros como acusar uma mulher de ser prostituta e se esquece de checar se a outra tem um namorado ciumento antes de abordá-la.
05. T.N.T. (1975)
Desde cedo, Bon Scott estabeleceu o modelo para suas histórias arrogantes de mau comportamento em músicas como “T.N.T.”. Com o refrão “Oi! Oi! Oi!”, a faixa se tornou uma das favoritas do público, mesmo após mais de 35 anos, com a performance de Brian Johnson, substituto de Bon.
04. Dirty Deeds Done Dirt Cheap (1976)
Na Austrália, os três primeiros álbuns do AC/DC foram lançados com diferentes capas, listas de faixas e datas, em comparação com os Estados Unidos e outros países. Isso fez com que algumas das melhores músicas de Bon Scott, como a poderosa “Dirty Deeds Done Dirt Cheap”, não fossem ouvidas em certas partes do mundo durante os anos 70. Essa música, em particular, é uma história de assassinato de aluguel com um riff marcante.
03. Whole Lotta Rosie (1977)
Bon Scott escreveu a letra de “Whole Lotta Rosie” para expressar seu desejo por “uma mulher inteira”, muito antes de referências a “bundas grandes” se tornarem comuns no hip-hop. Embora Scott já tenha falecido, uma boneca inflável de Rosie continua a fazer parte dos shows da banda no palco.
02. Let There Be Rock (1977)
Com “Let There Be Rock”, Bon Scott documentou o surgimento do rock and roll. O refrão, “Havia 15 milhões de dedos / Aprendendo a tocar / E você podia ouvir os dedos tocando / E isso é o que eles tinham a dizer… DEIXE ARRASAR!”, captura a energia e a importância que ele atribuía ao gênero.
01. Highway to Hell (1979)
A faixa-título do último álbum de Bon Scott com o AC/DC é um hino mundial do rock. A letra de Scott aborda novamente os desafios da vida na estrada e o perigo iminente, mas com um tom desafiador e comemorativo. O refrão “Hey, mama, look at me! / I’m on my way to the promised land…” (Ei, mamãe, olhe para mim! / Estou a caminho da terra prometida…) exemplifica essa atitude.
*Menção honrosa: Riff Raff (1978)
Em “Riff Raff”, de 1978, Bon Scott assume a voz de um forasteiro desafiador. Ele se apresenta como um desajustado que não atira em ninguém, nem anda armado, mas que se diverte e ignora as críticas e os julgamentos dos outros. A letra celebra a atitude de viver a vida nos próprios termos, mesmo sendo visto como um “gentalha” (riff raff). A música reflete o espírito rebelde do AC/DC na época.