Lançado em 21 de agosto de 1990, o Alice in Chains Facelift marcou a estreia da banda de Seattle e completou 35 anos recentemente. O disco foi o primeiro grande sucesso da cena grunge a alcançar as rádios e a MTV, abrindo espaço para que o som da cidade ganhasse o mundo antes mesmo de Nevermind do Nirvana e Ten do Pearl Jam.
Da fase glam ao nascimento do Alice in Chains Facelift
A história do Alice in Chains começou em 1984, quando Layne Staley assumiu os vocais da banda Sleze. Logo depois, o grupo passou a se chamar Alice N’ Chains, inspirado em Alice no País das Maravilhas, mas com uma conotação mais sombria. Na época, o som era glam rock.
Em 1986, Staley conheceu Jerry Cantrell. Pouco tempo depois, eles passaram a tocar juntos e completaram a formação com Sean Kinney na bateria e Mike Starr no baixo. No fim de 1987, o grupo retomou o nome Alice in Chains, mas com uma sonoridade mais pesada, próxima do metal. Esse foi o primeiro passo para o que viria a ser o Alice in Chains Facelift.
O contrato e o impacto do EP We Die Young
Em 1988, a banda gravou a demo The Treehouse Tapes, que chamou a atenção de Kelly Curtis e Susan Silver, empresários ligados ao Soundgarden. O som cru rendeu ao grupo um contrato com a Columbia Records.
Dois anos depois veio o EP We Die Young, lançado em 1990. A faixa-título ganhou espaço nas rádios de metal e impulsionou a gravadora a acelerar a gravação do álbum completo. Foi a primeira amostra do que se ouviria em Facelift.
A gravação do Alice in Chains Facelift
O disco foi produzido por Dave Jerden, que já havia trabalhado com Red Hot Chili Peppers e Talking Heads. As gravações aconteceram entre o fim de 1989 e abril de 1990, no London Bridge Studio, em Seattle, e no Capitol Studios, em Los Angeles.
Sean Kinney, baterista, enfrentou um desafio: gravou o álbum com o pulso quebrado, usando gelo para suportar as sessões. Ainda assim, conseguiu participar de todas as faixas e até tocou piano em Sea of Sorrow.
A capa foi criada pelo fotógrafo Rocky Schenck. A ideia original não se concretizou, e o resultado foi uma imagem distorcida do baixista Mike Starr, feita a partir de sobreposições e colagens de negativos.
Temas das músicas
O álbum trouxe letras que refletiam os dilemas e dores que acompanhariam a trajetória da banda:
- Crítica social: Man in the Box fala da manipulação da mídia.
- Juventude em risco: We Die Young retrata crianças envolvidas com drogas e violência.
- Relações conturbadas: Sea of Sorrow e Love, Hate, Love descrevem laços de amor e ódio.
- Depressão e vício: I Can’t Remember e It Ain’t Like That abordam drogas e perda de controle.
- Revolta: Bleed the Freak é quase um manifesto contra o preconceito.
- Luto: Sunshine foi escrita por Jerry Cantrell em homenagem à mãe.
- Sacrifício: Confusion mostra um personagem afastando quem ama para poupá-lo.
O impacto do Alice in Chains Facelift
Quando lançado, Facelift teve vendas modestas. Mas o clipe de Man in the Box, em alta rotação na MTV, fez o álbum ganhar visibilidade. Aos poucos, o disco conquistou o público e chegou ao status de multiplatina. Foi o primeiro grande sucesso da cena de Seattle, ajudando a abrir caminho para o movimento grunge.
O Alice in Chains Facelift apresentou ao mundo a voz de Layne Staley e a parceria criativa com Jerry Cantrell. As harmonias vocais, os riffs pesados e a mistura de melancolia com agressividade definiram o estilo da banda. O álbum segue lembrado como um dos marcos do rock nos anos 90.
Por que ouvir o Alice in Chains Facelift hoje
Trinta e cinco anos depois, o álbum continua atual e mostra como o Alice in Chains já tinha identidade própria desde o início. Para quem conhece apenas Man in the Box, ouvir o disco inteiro é revisitar um retrato cru de Seattle às vésperas de se tornar o centro do rock mundial.
Redação Disconecta
Quer saber mais sobre o disco? assista/ouça o Redação Disconecta que fizemos para comemorar os 35 anos desse discaralhaço.