O segundo álbum banda de Seattle Nox Novacula apresenta um conjunto poderoso de deathrock que combina elementos antêmicos (música antêmica é aquela que possui qualidades adequadas para um hino , como uma melodia forte e um sentimento sério), propulsivos e sombrios, reafirmando a confiança do grupo na mistura única do gênero, que funde estilos góticos com influências de punk, glam e pós punk.
Repleto de refrões marcantes, guitarras intensas, sintetizadores gélidos, batidas vigorosas, vocais dramáticos e uma atmosfera envolvente, Feed the Fire transborda um carisma macabro inegável. Este trabalho marca a estreia da banda pela gravadora canadense Artoffact Records, após o sucesso espontâneo de seu álbum de estreia autolançado em 2021, Ascension, e da energia conquistada através de suas apresentações ao vivo.
O título Feed the Fire não é uma mera figura de linguagem. O álbum traduz com eficiência a intenção da banda de revitalizar o fogo que impulsiona o pós punk e suas vertentes. Desde sua formação em 2017, a Nox Novacula vem explorando sonoridades que remetem aos primórdios do movimento, mas com uma roupagem moderna que lhes confere identidade própria. “Queríamos criar algo que fosse fiel às nossas influências, mas também refletisse nossas próprias experiências e sentimentos”, explicou Charlotte Blythe, vocalista do grupo, em entrevista ao portal Post-Punk.com.
O som de Feed the Fire traz ecos evidentes de bandas icônicas como Bauhaus, Siouxsie and the Banshees e Christian Death, sem deixar de lado um toque contemporâneo que remete a artistas como She Past Away e Lebanon Hanover. A voz potente e dramática de Blythe é um dos destaques do disco, conduzindo faixas como “Drug” e “Victim” com uma intensidade emocional que não deixa espaço para superficialidades.
Outro elemento fundamental é a guitarra de Jeff Heath, que alterna entre riffs cortantes e paisagens sonoras etéreas, criando uma justaposição que é tanto visceral quanto contemplativa. O baixo pulsante de Amin Nickel e a bateria precisa de Robert Williams adicionam profundidade e peso às canções, enquanto os sintetizadores discretos mas eficazes de Dahlia Monroe conferem uma atmosfera sombria e etérea ao álbum.
Liricamente, Feed the Fire é uma jornada pelo isolamento, a perda e a resiliência. “As canções são como um espelho das nossas experiências coletivas e individuais, especialmente em tempos tão desafiadores”, disse Blythe em outra entrevista. A faixa-título, por exemplo, fala sobre o processo de autodescoberta em meio à adversidade, enquanto “Ascension” aborda o desejo de transcendência diante de um mundo em colapso.
A poesia sombria das letras é complementada pela produção do disco, que captura a essência do gênero sem soar datada. As linhas de baixo são robustas e pulsantes, enquanto as guitarras ecoam com uma distorção contida que remete à sensibilidade melódica do pós punk clássico.
Embora ainda sejam considerados uma banda emergente, a Nox Novacula conseguiu com Feed the Fire atrair a atenção de públicos e críticos ao redor do mundo. O álbum foi amplamente elogiado por sua coerência e pela habilidade de equilibrar influências tradicionais com uma abordagem contemporânea. “Este disco é um lembrete poderoso de que o post-punk está longe de ser apenas um gênero nostálgico”, escreveu a revista Louder Than War.
A recepção positiva não apenas ampliou o alcance da banda, mas também ajudou a solidificar a relevância do gênero no cenário atual. Bandas como Nox Novacula provam que há ainda muito espaço para inovação dentro de um estilo tão enraizado em suas próprias tradições.
Comparado a seus EPs anteriores, Feed the Fire demonstra uma maturidade considerável na composição e na execução. A banda não apenas aprimorou sua habilidade técnica, mas também expandiu seu espectro emocional e temático. Essa evolução sugere que o futuro da Nox Novacula é promissor, com potencial para continuar explorando novas direções sem perder a essência que os tornou tão marcantes.
Feed the Fire é um testemunho da vitalidade do pós punk no século 21. Com um pé fincado na tradição e o outro apontando para o futuro, a Nox Novacula conseguiu criar um álbum que não apenas honra suas influências, mas também reafirma seu lugar como um dos nomes mais relevantes da cena underground atual.
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