Apesar da insistência de muitos puristas do rock em afirmar que o gênero morreu há mais de duas décadas, o rock vem surpreendendo com novas bandas que o remodelam e o atualizam para as novas gerações.
Esse é o caso do fish narc, projeto solo de Benjamin Friars-Funkhouser, Seattle, a cidade do grunge. No ano em que nasceu o movimento ganhava o mundo, Benjamin vem trabalhando como fish narc desde 2018, no início, seus discos e EPs mergulharam fundo no industrial, eletrônico e experimental, com pitadas de rap.
Porém desde o disco “Segador De Almas”, onde ainda podem ser notados elementos de música eletrônica, ele vem adicionando elementos orgânicos de uma banda de rock. Agora, em 2024, com o lançamento de “frog song”, ele acertou a mão.
“frog song” é um álbum que recupera o sentido do rock independente e alternativo, com influências de emo e grunge. Quanto ao lado emo, não me refiro ao emo que dominou a MTV nos anos 2000, estilo que foi marcado por bandas como My Chemical Romance e outras similares. O que ouvimos em seu mais recente álbum são influências de bandas do meio-oeste americano dos anos 90, como American Football.
Se só de ler a palavra “emo” você fica de cabelos em pé, convido você a conhecer não só American Football, mas toda a geração do meio-oeste dos EUA para realmente entender esse estilo. Sunny Day Real Estate, de onde saiu o baixista atual do Foo Fighters, Nate Mendel, Cap’n Jazz, Title Fight e Turnover são alguns nomes com os quais você pode começar a entender o movimento.
Voltando ao fish narc e seu álbum, está clara a proposta independente do artista e a busca por boas melodias. Musicalmente falando, o álbum pode ser dividido em três partes: o início, até a faixa cinco, mergulha no emo do meio-oeste americano; da faixa seis à onze, predominam influências grunge; e as duas últimas músicas são densas, com toques de post-punk e new wave.
Com guitarras noise e uma seção rítmica pulsante, o disco é a prova de que o rock dos anos 2020 está remodelando o estilo, mesmo que esteja perdendo espaço no mainstream.
O álbum abre com a excelente “my ceiling”, um começo noise que se desenvolve com ótimas melodias cantadas por Benjamin.
“old band” bebe diretamente na fonte do midwest emo, mas traz elementos eletrônicos sutis que dão mais vida à música. “boxy volvo”, por outro lado, apresenta um clima pop punk, começando com uma batida de violão envolvente e alternando com momentos de guitarras distorcidas, antes de voltar ao lado acústico com um belo solo.
“never better” é outra que chama a atenção; ouso dizer que tem algo de “Rooster” do Alice In Chains, sim, menos denso, mas ainda assim dialoga muito com o grunge. A faixa que fecha o álbum, “desregulated”, mergulha no post-punk denso e sombrio.
Esses são alguns destaques do álbum, que merece uma audição mais profunda para quem quer conhecer a nova safra do rock.
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