Quando o Ghost anunciou Skeletá, muitos fãs esperavam mais uma reinvenção sombria e teatral, algo entre o rock satânico dos primeiros álbuns e o glam metal do Meliora. Mas o que veio foi… um disco que parece ter sido escrito pelo Journey em 1986, com um Papa Emeritus IV disfarçado de Steve Perry.
Já era perceptível que o Ghost estava se afastando do metal e do rock pesado desde Prequelle, mas Skeletá é o ponto em que a banda parece ter abandonado de vez qualquer resquício de suas raízes sombrias. As guitarras, antes cortantes e envoltas em riffs macabros, agora soam como um acessório de fundo para os sintetizadores brilhantes e refrãos açucarados. Não que isso seja ruim, mas é um afastamento definitivo de suas raízes.
A banda sempre teve uma pegada teatral e cativante, mas antes havia personalidade. Skeletá soa como uma coleção de músicas feitas sob encomenda para tocar em rádios FM.
O Ghost já foi uma banda que brincava com o satanismo de forma inteligente, misturando o macabro com o melódico. Agora, parece que Tobias Forge decidiu que o verdadeiro inferno é não entrar nas paradas de sucesso. O resultado é um disco que, embora bem produzido, carece de identidade. Se você fechar os olhos, pode até achar que está ouvindo um álbum perdido do Def Leppard ou, pior ainda, uma versão rock light de Escape, do Journey.
O Ghost sempre se reinventou, e isso era parte do seu charme. Mas Skeletá é a primeira vez que essa reinvenção parece não ter alma. Em vez de evoluir, o disco soa como uma concessão excessiva ao mainstream, perdendo o que fazia a banda ser única. Se antes o Ghost desafiava as convenções, agora parece estar seguindo um manual de “como fazer um hit nos anos 80 em 2024”.
Para quem ama o lado mais acessível e melódico do Ghost, talvez Skeletá seja um prato cheio. Mas para quem ainda espera um retorno à escuridão, o disco é mais uma prova de que a banda já não tem mais medo do escuro – porque decidiu brilhar demais.
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