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Duna parte 2 – o desfecho épico e grandioso

Sou um fã tardio de Duna. Apesar de saber da importância da obra do escritor Frank Herbert para a ficção científica, fui atrás dos livros apenas quando foi anunciado, no final de 2016, que o canadense Denis Villeneuve dirigiria o remake (David Lynch dirigiu uma adaptação cinematográfica em 1984).

Villeneuve apostou alto e optou por dividir a história do primeiro livro em dois filmes, lançando a primeira parte em 2021, sem a menor certeza de que o estúdio daria sinal verde para a continuação (lembrando que estávamos ainda em meio à pandemia e o futuro do cinema ainda era incerto).

Pois a decisão arriscada de Villeneuve se mostrou acertada. Mesmo com o final aberto, o primeiro filme impressionou o público e a crítica especializada, com sua fotografia e design de produção incríveis e elenco estrelado, chegando à indicação ao Oscar de melhor filme em 2022. A boa recepção e consequente bilheteria garantiram a sequência e finalmente temos Duna parte 2, fechando o arco de eventos narrados no primeiro livro.

Crédito: Divulgação

O filme começa exatamente onde a parte 1 terminou, com Paul Atreides (Timothée Chalamet) e sua mãe Lady Jessica (Rebecca Ferguson) seguindo seu caminho pelo deserto junto aos Fremen, o povo nativo do planeta Arrakis, após a Casa Atreides ter sido praticamente dizimada pelos Harkonnen. Paul vive o dilema se acredita na profecia messiânica que o levará à liderança do povo Fremen, ou se tudo não passa de fundamentalismo religioso.

O roteiro de Duna parte 2 é brilhante ao utilizar e costurar elementos como fanatismo religioso e política, presentes na narrativa do livro, mas apresentando de uma forma que traça paralelos perturbadores com os dias atuais. Até que ponto um povo pode ser manipulado e utilizado em uma “guerra santa”, apenas com o objetivo de cumprir um propósito obscuro? Mas é claro que essa é apenas uma camada de interpretação e a minha intenção aqui não é dar spoiler.

Tudo em Duna parte 2 é maior e mais épico. E se isso normalmente não é sinônimo de filme bom na maioria das continuações de blockbusters, aqui não é o caso. A grandiosidade dos eventos serve bem ao roteiro e as 2 horas e 46 minutos passam voando, enquanto seguimos na ponta da cadeira, deslumbrados do início ao fim. Se o primeiro era bastante contemplativo (e lento em vários momentos), aqui temos um ritmo muito melhor, com boas cenas de ação e batalha. A fotografia e o design de produção continuam incríveis e a trilha sonora de Hans Zimmer dá o tom e emociona em momentos chave.

Timothée Chalamet e Austin Butler em cena de ‘Duna: Parte 2’ — Foto: Divulgação

O elenco também ganha com a adição de nomes como Christopher Walken, no papel do Imperador Shaddam IV, Florence Pugh como a princesa Irulam e principalmente Austin Butler, no papel do assustador vilão Feyd Rautha. E Zendaya, a Fremen Chani que participou do primeiro filme aparecendo mais em visões, assume um protagonismo maior por sua importância ao lado do personagem de Timothée Chalamet nessa segunda parte da história.

Adaptação audiovisual de livro nunca é tarefa fácil e Villeneuve fez suas concessões, o que pode desagradar a um ou outro fã purista da obra original. Mas, na minha opinião o resultado final foi bastante satisfatório e Duna (partes 1 e 2), entra para o rol dos grandes filmes de ficção científica de todos os tempos. Assista na melhor sala de cinema, com a maior tela e a melhor qualidade possível de som e imagem.

Autor

  • Doulgas Gouveia

    Douglas Gouveia é nerd e frequenta os porões da internet desde os bons tempos da conexão discada. Casado, pai de duas filhas e avô (mas já?!), vive o conflito geracional por alguns jovens não entenderem como é possível ele se dizer roqueiro, mas curtir Dua Lipa e outras popzeras.Tecladista semi aposentado, colecionador de discos e outas tranqueiras, apaixonado por música, livros, fotografia e cinema.”

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