Planeta dos Macacos é uma das franquias de ficção científica mais bem-sucedidas do cinema de todos os tempos, disso não há dúvidas. O filme clássico de 1968, baseado no romance homônimo do escritor francês Pierre Boulle, foi estrelado por ninguém menos que o astro Charlton Heston e rendeu 4 continuações que adentraram a década de 70, mantendo a obra relevante na cultura pop e cravada no imaginário popular.
Com o sucesso dos filmes outros derivados vieram, entre eles, uma série live-action para TV em 1974 com 14 episódios e um desenho animado, “De volta ao Planeta dos Macacos”, com 13 episódios em 1975. (Não, “O Trapalhão no Planeta dos Macacos” de 1976, não é um derivado oficial!).
Em 2001, foi a vez do cineasta Tim Burton, apresentar sua versão da obra, um remake com o mesmo título do filme original, porém apresentando uma linha temporal alternativa. O elenco contou com Mark Wahlbergh, Tim Roth, Helena Bonhan Carter, Paul Giamatti, entre outros, mas teve bilheteria mediana e amargou críticas negativas entre público e imprensa especializada.
E quando ninguém mais imaginava que a franquia ainda tivesse fôlego, veio o reboot. “O planeta dos Macacos: A Origem” (2011), apresentou ao mundo o incrível personagem Cesar, gerado por captura de movimento e interpretado pelo mestre dessa técnica, Andy Serkis, o Gollum, de “O Senhor dos Anéis”. Como o título sugere, o filme mostrou a origem e ao longo de duas sequências, “O Confronto” (2014) e “A Guerra” (2017), a evolução dos primatas, a consequente devastação do planeta e a derrocada dos seres humanos.
“Planeta dos Macacos: O Reinado” é o capítulo mais recente dessa saga e se passa gerações (300 anos) após o surgimento de Cesar e do vírus que devastou a humanidade na trilogia prequel. No mundo de “O Reinado”, a então sociedade dos macacos se organizou em clãs e os poucos humanos que restaram, perderam completamente a civilidade, sobrevivendo entre outros animais. A liderança de Cesar no passado é apenas uma lembrança para alguns e a convivência pacífica entre as duas espécies é algo inimaginável, até mesmo mitológico para os macacos que agora dominam o planeta. E, como em toda sociedade “evoluída” que se organiza, não poderia faltar um líder tirânico, o macaco Proximus Cesar, que tenta subjugar os clãs e estabelecer seu império, usando de forma deturpada, a ideologia do Cesar original.
Longe de ser um filme ruim, o que falta em “O Reinado”, na minha opinião, é construção e profundidade. Acompanhamos os eventos pelo olhar do jovem macaco Noa, empurrado violentamente para dentro do conflito. O personagem, apesar de bem interpretado, não tem nem de longe o carisma do Cesar da trilogia prequel, o que pode fazer com que o espectador não se importe tanto. Nos filmes anteriores, mesmo os personagens secundários (Koba, Rocket, Maurice, etc) eram incríveis, cheios de personalidade e relevância para a trama.
E, apesar de seguir os eventos da trilogia recente, “Planeta dos Macacos: O Reinado” é na verdade o prólogo de uma nova trilogia, deixando nitidamente, pontas para serem resolvidas no futuro, o que pode frustrar um pouco. É bem dirigido, tem bons efeitos especiais (obrigação hoje em dia), é bastante divertido, e apresenta uma expansão interessantíssima para esse universo. Mas pelo menos por enquanto, não conseguiu sequer arranhar a profundidade dramática estabelecida na fase contemporânea da franquia.
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