Em novembro de 1975, uma nova voz surgia no cenário musical nova-iorquino. Patti Smith lançava seu álbum de estreia, “Horses”, um trabalho que misturava poesia e rock de maneira inovadora.
Cinco décadas depois, especialistas ainda debatem como esse disco mudou os rumos da música alternativa. Abaixo, cinco curiosidades revelam detalhes fascinantes sobre o processo criativo, as influências e o impacto desse marco histórico.
1. Data de lançamento especial
Originalmente, “Horses” estava programado para ser lançado em 20 de outubro de 1975, coincidindo com o aniversário de Arthur Rimbaud, poeta francês que Patti admirava profundamente. No entanto, a escassez de vinil causada pela crise do petróleo naquele ano adiou o lançamento para 10 de novembro.
Curiosamente, essa nova data também tinha significado: era o aniversário da morte de Rimbaud. “Eu senti que era uma espécie de destino”, disse Smith em entrevista à Rolling Stone em 2010. A faixa Land traz referências explícitas ao poeta, mostrando sua importância para o trabalho.
2. Produção visionária de John Cale
A escolha de John Cale, ex-membro fundador do The Velvet Underground, como produtor foi crucial para o som do álbum. Sua experiência experimental ajudou a moldar o estilo cru e direto de “Horses”. “Cale entendia exatamente o que eu queria alcançar”, comentou Smith ao Guardian em 2015. Durante as gravações, ele sabia quando empurrar e quando dar espaço, resultando em arranjos que equilibravam experimentação e acessibilidade. Essa parceria foi essencial para capturar a energia do underground nova-iorquino nos anos 1970.
3. Colaborações icônicas
O álbum contou com participações de músicos icônicos da cena underground. Tom Verlaine, guitarrista da banda Television, contribuiu para a textura sonora de várias faixas. Allen Lanier, do Blue Öyster Cult, adicionou camadas de teclado que enriqueceram o trabalho. “Era uma época em que todos colaboravam uns com os outros”, lembrou Lenny Kaye, guitarrista de Patti, em entrevista ao New York Times. Essas colaborações refletiram a comunidade artística que existia em Nova York naquele período.
4. Capa Fotografada por Robert Mapplethorpe
A capa de “Horses” é uma das mais reconhecíveis da história do rock, e sua criação tem uma história interessante. Fotografada por Robert Mapplethorpe, ex-namorado, amigo íntimo e colaborador frequente de Patti, a imagem mostra a artista com suspensórios, camisa branca e jaqueta jogada sobre os ombros. “Aquela foto não foi planejada”, relembrou Smith em sua autobiografia Just Kids. “Robert simplesmente viu algo e clicou”. O resultado foi uma imagem que sintetizava o espírito andrógino e rebelde do álbum, tornando-se um ícone visual da época.
5. Influências literárias e musicais
Patti Smith trouxe uma bagagem rica de influências para “Horses”. Enquanto gravava o álbum, ela citou artistas como Jimi Hendrix, Little Richard e Brian Jones como inspirações. “Eu cresci ouvindo esses caras”, declarou ela à NPR em 2005. Além disso, sua formação literária estava presente em cada letra. Faixas como Break It Up homenageiam Jim Morrison, enquanto Elegie presta tributo a vários ícones musicais. “Rimbaud estava presente em cada verso que escrevi”, afirmou ela ao Paris Review. Essa combinação única de poesia e rock tornou “Horses” um trabalho singular.
Essas cinco curiosidades acima revelam apenas uma parte da complexidade e da genialidade por trás de “Horses”. Desde a escolha da data de lançamento até as colaborações lendárias e as influências literárias, o álbum é um testemunho da visão artística de Patti Smith. “Não tentávamos seguir tendências, apenas existir”, disse ela certa vez. Essa honestidade artística continua inspirando músicos e ouvintes em todo o mundo, mantendo viva a chama criativa que Smith acendeu em 1975.
Pra saber um pouco mais sobre a história de Patti Smith, o canal Minha Vida em Vinil fez um vídeo contando sobre sua história e sobre o disco Horses. Você pode assistir no vídeo abaixo:
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