Embora hoje pareça comum associar o cinema ao rock, essa aproximação nem sempre existiu. Durante boa parte do século XX, a música popular — especialmente o rock — ficou distante das trilhas sonoras de produções cinematográficas.
Foi apenas em 1955 que o gênero começou a aparecer nas telas, mais precisamente com A semente do mal, dirigido por Richard Brooks. O drama estrelado por Glenn Ford abordava os desafios de um professor em uma escola marcada por violência e conflitos juvenis.
A escolha da trilha de abertura foi decisiva. Brooks optou por “Rock Around the Clock”, composta por Max C. Freedman e James E. Myers em 1952. A gravação mais conhecida, feita por Bill Haley & His Comets em 1954, foi a que integrou o filme.
A canção, com sua batida acelerada e espírito provocador, dialogou diretamente com o tema do filme. Jovens desafiando regras e estruturas tradicionais encontraram eco na energia da nova música que surgia nas rádios e, agora, também no cinema.
O sucesso de “Rock Around the Clock” ganhou força com a exposição nas salas de exibição. A faixa chegou ao primeiro lugar nas paradas norte-americanas e passou a ser vista como símbolo da juventude dos anos 1950.
Para alguns estudiosos da música popular, essa aparição no cinema colaborou para consolidar o rock and roll como linguagem cultural própria. Embora suas raízes estejam em estilos anteriores, como o rhythm and blues e o country, o gênero começou ali a se diferenciar como algo novo.
Anos mais tarde, outras trilhas marcantes reforçariam a presença do rock no cinema. Filmes como Trainspotting (1996), com faixas do Iggy Pop, e Maria Antonieta (2006), de Sofia Coppola, que recorreu ao indie rock e ao new wave, ampliaram o repertório sonoro da sétima arte.
Mas foi nos anos 1950, com uma canção simples e direta, que essa conexão entre música e imagem começou a tomar forma. A escolha de Brooks ajudou a mudar o rumo das trilhas sonoras — e talvez do próprio cinema voltado ao público jovem.
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