Angela Ro Ro deixou uma lacuna que jamais será preenchida na música popular brasileira.
Aliás, não apenas na música, mas na vida como um todo. Com toda a sua ousadia, irreverência e a bandeira que já levantava ainda jovem sobre a sua orientação sexual, se mostrava à frente de seu tempo.
Clássicos percorreram em sua discografia que conta com 12 álbuns. Pouco? Mas intenso!
Dores de cotovelo, amores, ressentimentos, lavação de roupa, cutucadas. E amor!
A Angela foi um meteoro de extrema lucidez que atingiu todos que não estavam preparados. Tida em alguns momentos como “uma malucona”, ela era mais pé no chão do que muitos. E, em toda a honestidade: Merecia todos os palcos e não um final onde precisava pedir ajuda nas redes sociais.
Nós não merecemos a Angela.
Confira abaixo cinco faixas. Prepare a dose de uísque. Aviso: Não ouvir pós-desilusão amorosa.
Cheirando a Amor
Blueszeira de marca maior, Cheirando a Amor abre seu primeiro álbum com toda a maestria poética. Angela invade nossos sentidos falando sobre estar apaixonada, com metáforas e intensidade. Apaixonante e delicado, é uma entrega ao prazer de viver o amor. Sentimento que ela vivia desejando à todos sempre. Além de “Suce$$0”.
Balada da Arrasada
Como uma personagem destruída por uma desilusão amorosa, a ironia de Angela fica presente e até de modo teatral. Devastada, exagerada e até divertida, a dor vira uma performance cheia de melancolia e sarcasmo. A crônica que ficaria bem em qualquer jornal periódico.
Meu Mal é a Birita
Desnibição alcoólica entrega uma das faixas clássicas de Angela. Descontraído e até confessional, mistura ironia, humor e a boemia que Angela tinha PhD. De modo jocoso, brinca com a ideia de que mesmo com os problemas que o álcool traz, ele também faz parte de sua personalidade e seu jeito de lidar com a vida.
A faixa é praticamente uma conversa de bar.
Se Você Voltar
Mais um blues poderoso com o forte desejo de reconciliação. Vulnerável e esperançoso, Angela Ro Ro é doce, apaixonada e saudosa, ao ponto de se mostrar disposta a recomeçar se a pessoa voltar.
Sua voz cheia de emoção ainda intensifica o sentimento de entrega. “Se Eu Voltar” é uma fala direta com quem já viveu um término e ainda tem a chama acesa por alguém.
O Que Me Resta
O último trabalho de Angela Ro Ro veio em 2017 com “Selvagem”. Dentre as faixas, se destaca “O Que Me Resta” em uma gigantesca aceitação. Reconhecer a dor, encarar o vazio todos passam, mas seguir em frente é o mais importante.
Contemplativo e emocional, a frase “Melhor então me recolher, e entender que dor é esta. E cantar dizendo adeus é o que me resta” ganha um novo significado após sua partida.
No final, só fica o agradecimento. Precisamos de mais Angelas Ro Ro.
