Enquanto o AOR (Album-Oriented Rock) atingiu seu auge comercial nos anos 1980, suas bases foram solidificadas na década anterior. O gênero, que mistura hard rock acessível, baladas emocionais e elementos progressivos, encontrou em bandas como Journey e Boston seus primeiros expoentes.
O Journey, por exemplo, abandonou suas origens jazz-rock em 1975 para abraçar um som mais radiofônico. Álbuns como “Infinity” (1978) estabeleceram a fórmula do AOR: vocais potentes, riffs memoráveis e produções impecáveis. Essa abordagem influenciou toda uma geração de artistas.
Definir o gênero sempre foi complexo. Bandas como Kansas e Styx transitavam entre o rock progressivo e o AOR, enquanto Foreigner e Toto equilibravam peso musical com apelo popular. Essa flexibilidade tornou o estilo difícil de categorizar.
Nos anos 1980, o AOR ganhou novas cores. Bandas como Bon Jovi e Def Leppard levaram o som às paradas de sucesso, enquanto Survivor e REO Speedwagon consolidaram o gênero como sinônimo de rock comercial. Ainda assim, foram os trabalhos dos anos 1970 que pavimentaram esse caminho.
Entre os destaques da era estão “Boston” (1976), da banda homônima, e “Evolution” (1979), do Journey. Esses discos mostravam a evolução do AOR antes de sua explosão definitiva. A fusão de hard rock e melodias cativantes se tornaria uma marca registrada do gênero.
O AOR dos anos 1970 pode não ter vendido como na década seguinte, mas sua influência permanece. Sua mistura de técnica e emotividade continua a inspirar artistas, provando que o rock melódico nunca saiu de moda – apenas se reinventou.
Abaixo, um guia com os 10 discos essenciais para entender o gênero, de acordo com a Classic Rock:

Boston – Boston (1976)
Liderada pelo perfeccionista Tom Scholz, a banda Boston alcançou o topo das paradas com um som direto e refinado. Seu álbum de estreia se tornou um dos mais vendidos da história, surpreendendo pelo impacto imediato.
Músicas como “Peace of Mind”, “Long Time” e “Rock & Roll Band” combinavam melodias bem trabalhadas com a energia do rock. Os vocais potentes de Brad Delp completavam o equilíbrio entre técnica e emoção que definiu o grupo.
Kansas – Leftoverture (1976)
O clássico “Carry On Wayward Son” tornou-se a música mais conhecida do Kansas, mas seu álbum de origem, “Leftoverture” (1976), vai muito além desse hit. A obra mistura pop melódico e prog rock de forma única, com arranjos complexos e vocais marcantes.
Entre os seis discos do Kansas, “Leftoverture” destaca-se pela combinação equilibrada de acessibilidade e técnica. Ainda hoje, permanece como referência do rock progressivo dos anos 1970, sem perder a força das melodias cativantes.


Styx – The Grand Illusion (1977)
O álbum iniciou uma sequência de quatro trabalhos triplo-platina para a banda de Chicago. O carisma do guitarrista Tommy Shaw ampliou seu apelo ao público feminino, enquanto faixas como “Come Sail Away” de Dennis DeYoung consolidaram seu estilo grandioso. A música, mais tarde satirizada em “South Park”, tornou-se um marco do rock progressivo.
Starz – Violation
Com Michael Smith (irmão do cantor Rex Smith) nos vocais, o Starz mesclava um rock com pegada pop e letras provocantes. Produzido por Jack Douglas (Aerosmith), o álbum “Violation” (1977) trouxe hits como “Cherry Baby”, que quase alavancou a banda ao estrelato.
Canções como “Rock Six Times” e “Sing It, Shout It” mantiveram sua energia ao longo dos anos, mostrando o equilíbrio entre refinamento e atitude que marcou o som do Starz. Apesar do sucesso limitado, o grupo deixou sua marca no rock dos anos 1970.


Foreigner – Foreigner (1977)
O álbum de estreia do Foreigner (1977) começava com o hit “Feels Like the First Time” e seguia com o sucesso “Cold as Ice”. Rejeitado por gravadoras antes da aposta da Atlantic, o disco fundia hard rock, progressivo e pop com a voz marcante de Lou Gramm.
Em um ano dominado pela disco music, o trabalho se destacou pela qualidade das composições e pela energia crua, tornando-se um clássico imediato do rock dos anos 1970.
The Babys – Broken Heart
O Babys, grupo britânico que revelou John Waite (futuro cantor de “Missing You”) e Jonathan Cain (depois tecladista do Journey), conquistou espaço nos EUA com um rock melódico de pegada equilibrada.
Com produção de Ron Nevison e teclados de Michael Corby, a banda emplacou hits como “Isn’t It Time” e “Broken Heart”, usando arranjos de cordas para enriquecer seu som característico.


Toto – Toto (1978)
Formado por músicos de estúdio experientes, o Toto trouxe uma segurança técnica que muitos consideraram arrogante. Mesmo após críticas negativas iniciais, seu som permanece impressionante pela precisão.
Canções como “I’ll Supply the Love” e “Georgy Porgy” destacam-se pelo swing natural, difícil de replicar. Já “Hold the Line”, com sua energia crua, levou a banda às paradas britânicas, mostrando seu equilíbrio entre virtuosismo e vigor.
Journey – Evolution (1979)
Após o sucesso de “Infinity” (1978), que vendeu mais de 1 milhão de cópias, a banda refinou seu som com a produção de Roy Thomas Baker. “Evolution” (1979) trouxe uma abordagem mais polida e grandiosa, consolidando o estilo AOR do grupo.
Destaques como “Lovin’, Touchin’, Squeezin’” (que alcançou o Top 20 nos EUA), “Do You Recall” e “Majestic” se tornaram clássicos do repertório ao vivo. O disco antecipou o sucesso ainda maior que o Journey alcançaria nos anos 1980.


Angel – Sinful (1979)
Com teclados exuberantes de Gregg Giuffria — que mais tarde formaria o Giuffria e o House of Lords —, guitarras afiadas de Punky Meadows e os vocais intensos de Frank DiMino, o disco apresentou dez faixas marcantes, cada uma sustentando com firmeza o equilíbrio entre teatralidade e composição.
Survivor – Survivor (1979)
Apesar de ter sua carreira ofuscada pelas trilhas dos filmes Rocky, o Survivor marcou presença nas paradas com uma dúzia de músicas no Billboard Hot 100. O single “Somewhere in America” (1981) destacou o estilo da banda: riffs marcantes, melodias pop e letras irreverentes.
Canções como “Can’t Getcha Offa My Mind” exemplificavam o equilíbrio entre hard rock e apelo comercial que definiu o som do Survivor antes do sucesso global de “Eye of the Tiger”.

Deixe um comentário