Todo cantor enfrenta desafios ao tentar reproduzir o trabalho dos grandes que vieram antes. A pressão aumenta quando um artista se arrisca a interpretar clássicos, carregando o peso do legado de ícones musicais. Mesmo sendo comparado a diversos gigantes do rock ao longo de sua carreira, Chris Cornell, vocalista do Soundgarden, revelou que havia dois titãs do rock dos anos 70 que ele considerava inimitáveis.
Conhecido por sua potência vocal e por transformar a cena grunge de Seattle com elementos de heavy metal, Cornell sempre buscou homenagear seus ídolos do rock, incorporando referências em suas performances. Suas habilidades vocais eram frequentemente comparadas aos maiores nomes do gênero, especialmente quando ele elevava o tom em faixas como “Loud Love” e “Beyond the Wheel”. No entanto, ele admitiu que dois ícones em particular estavam além de sua capacidade de replicar.
O primeiro nome inevitável na lista de influências de Cornell foi Robert Plant, do Led Zeppelin. A banda britânica foi uma das maiores inspirações para o vocalista do Soundgarden, tanto na sonoridade quanto na construção de seus vocais. Mesmo que Plant fosse uma referência clara, Cornell nunca buscou copiar seu estilo. Ao contrário de bandas mais recentes, como o Greta Van Fleet, que explicitamente seguiram os passos de Plant, Cornell se destacou por forjar seu próprio caminho. Ele adotou o espírito do Led Zeppelin, mas sempre com uma autenticidade que evitava a imitação.
Além de Plant, Cornell também admirava o lendário vocalista do Queen, Freddie Mercury. Com uma presença de palco magnética e uma teatralidade única, Mercury não apenas cantava, mas entretinha o público como poucos. Essa performance exuberante, que combinava poder vocal e uma presença de palco maior que a vida, fez de Mercury um artista inigualável. Cornell reconhecia essa qualidade, mas via isso como algo que ele mesmo não poderia alcançar.
Outro nome que o intrigava era o de Alice Cooper, conhecido por suas apresentações chocantes e teatrais. Cooper levou o macabro ao rock, criando um espetáculo no palco que ia além da música. Usando guilhotinas e adereços assustadores, ele tornou-se uma figura icônica no mundo do rock, trazendo teatralidade e horror a seus shows. Essa mistura de performance e som marcou profundamente Chris Cornell, que sempre respeitou sua capacidade de dominar o palco.
Apesar de sua admiração por esses dois artistas, Cornell acreditava que não conseguia reproduzir suas performances, como contou à Louder, com transcrição da Far Out Magazine: “Caras como Freddie Mercury e Alice Cooper eram verdadeiras estrelas do rock; pessoas muito legais, muito divertidas, maiores que a vida. Eu nunca poderia fazer isso, porque ser maior que a vida na minha base punk era muito ruim, a antítese completa de tudo o que o punk representava.”
A postura de Cornell refletia a mentalidade de sua cena musical em Seattle, que rejeitava o glamour exagerado do rock tradicional. Enquanto outras bandas punk e grunge, como Mudhoney e TAD, seguiam uma linha mais crua, o Soundgarden ocasionalmente explorava novos territórios, escrevendo músicas ousadas e cheias de energia.
No fim, Chris Cornell era único em sua abordagem ao rock. Ele tinha as habilidades de um vocalista clássico, mas recusava a ideia de se tornar uma caricatura de si mesmo. Mesmo admirando lendas como Mercury e Cooper, Cornell preferia manter sua autenticidade, entregando performances poderosas sem recorrer ao exibicionismo. Isso o tornou uma das figuras mais respeitadas e inovadoras do rock.
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