Em 16 de fevereiro de 1970, o Black Sabbath fez um show inesperado no Friars Aylesbury, na Inglaterra, apenas três dias após lançar seu álbum de estreia. Lá estava o jornalista Kris Needs da revista Classic Rock à época com apenas 15 anos. A banda, até então desconhecida da grande maioria, entrou em cena para substituir o guitarrista de blues americano Freddie King, que não pôde comparecer. Os ingressos custaram apenas 30 pence (centavos), e cerca de 30 pessoas estavam presentes naquela noite.
O público encontrou um clima intenso: os três instrumentistas, vestidos de preto e usando grandes cruzes prateadas, abriram a apresentação com um riff de três acordes, descrito como sombrio e arrastado. À frente, o vocalista — de olhos vidrados e cabelo castanho caindo sobre o rosto — alternava entre versos cantados e gritos carregados de energia.
Depois de “Black Sabbath”, Ozzy Osbourne anunciou a faixa seguinte em seu característico sotaque de Birmingham. Tony Iommi, de bigode e empunhando sua Gibson SG, despejava riffs cortantes, enquanto Bill Ward sustentava o ritmo com pegada firme. A plateia, embora pequena, aprovava: alguns até arriscaram passos de dança.
O show ainda contou com uma longa jam baseada em “Warning”, composição de Aynsley Dunbar. Ao final, os músicos deixaram o palco sob aplausos. No balcão, um fã elogiou a performance, recebendo de Ozzy apenas um sorriso em resposta.
Naquele momento, o Black Sabbath ainda era praticamente desconhecido. O álbum havia saído na sexta-feira 13, com pouca repercussão na imprensa, e a principal aparição até então tinha sido em uma sessão para John Peel. Mesmo assim, a intensidade da apresentação deixou marcas: um dos presentes ficou tão impressionado que comprou o disco no dia seguinte.
Quarenta anos depois, o baixista Geezer Butler relembrou a noite em entrevista ao site do Friars Aylesbury: “Infelizmente, não me lembro muito bem do show. Mas tenho certeza de que ficamos muito felizes com o convite, já que não apareciam muitas oportunidades de tocar naquela época. Sempre fomos gratos por termos sido chamados.”
