Alemanha, 1945. Ano zero. Tudo. De cidades a cultura está em ruínas. Era a hora de recomeçar, reconstruir. E uma geração de músicos nascidos dos escombros do pós guerra é que iriam idealizar uma nova identidade musical para a Alemanha. Entre 1968 e 1977, bandas como Neu!, Can, Faust e Kraftwerk estavam olhando além do rock ocidental, e criando algumas das músicas mais originais e descompromissadas que já haviam sido feitas. No entanto, a imprensa britânica que era obcecada pela guerra, não impediu de dar um rótulo a esses grupos que estavam surgindo. E ela o denominou “krautrock”.
Segundo a Wikipedia, “originalmente era um termo utilizado de forma pejorativa pela imprensa musical inglesa, e acredita-se que tenha sido criado por ela a partir da expressão popular Kraut, que significa uma pessoa alemã, e por sua vez derivada do prato tradicional alemão chucrute, sauerkraut (literalmente “repolho azedo”).”
A herança deixada pelos seus antepassados era um deserto cultural. Contra todas as probabilidades existentes, esses novos garotos alemães conseguiram, dentro de um espírito revolucionário, criar uma cena onde a mistura sombria e distorcida de música, arte, ruído e beleza poética se misturavam, e não estava em sintonia com a Swingin’ 60 da época. Depois de duas guerras mundiais, a cultura jovem alemã era inexistente. Some-se a isso muitos jovens que sofreram com o regime nazista. Desta forma, foram essas crianças, profundamente marcadas mas ainda idealistas, que precisaram criar a sua própria identidade pessoal em meio aos escombros de sua cultura.
Popol Vuh – início dos anos 1970
Então, com as ideias revolucionárias do final da década de 60 atingindo em cheio essas novas bandas que estavam surgindo, os grupos de krautrock falaram diretamente ao público jovem alemão, ávido em busca de novas ideias e formas de pensar.
O Krautrock foi a semente de uma onda de artistas que começaram a incorporar, experimentalmente, sintetizadores e baterias eletrônicas em suas composições. É uma cena que nasce com a ideia de uma luta global da juventude contra o imperialismo e o capitalismo, que combinou a exploração educada de teoria musical com aventuras psicodélicas. Não à toa que era uma cena artística/estudantil/de arte experimental. Era psicodélico, só que de um jeito diferente, buscando inspiração nas improvisações do jazz, que de uma maneira mais econômica, mais minimalista. Era tão minimalista que chegou a influenciar o punk, surgindo assim uma nova onda, o pós punk.
Para esse pessoal, o rock não era apenas uma forma de diversão bobinha. Foi uma tentativa de abrir um novo caminho, rumo ao futuro, onde exorcizariam de vez e completamente tudo sobre seu passado. Esse tal Krautrock influenciou um tal de David Bowie, fazendo-o ficar perdidamente apaixonado pelo estilo e levando-o a gravar a elogiada Trilogia de Berlim.
Pra conhecer um pouco mais sobre o estilo, separei uma playlist abaixo. Prepare-se para uma grande viagem!
Créditos da imagem: Kraftwerk – Computer World
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