A saída de Roger Waters do Pink Floyd em 1985 marcou um ponto de inflexão na história da banda. O lançamento de “A Momentary Lapse of Reason” em 1987, agora sob a liderança de David Gilmour, gerou opiniões divergentes entre fãs e críticos, incluindo o próprio Waters.
O álbum representou uma mudança significativa no som e na abordagem criativa do Pink Floyd. Enquanto Waters criticou duramente o trabalho, chamando-o de “lixo” conceitual e lírico, é importante contextualizar essa opinião dentro da complexa dinâmica da banda pós-separação.
“A Momentary Lapse of Reason” apresenta elementos que refletem a época de sua produção, com uma sonoridade característica dos anos 80. Apesar disso, faixas como “Learning to Fly” demonstram o talento melódico que sempre foi marca registrada do Pink Floyd, ganhando nova vida em performances ao vivo.
“A Momentary Lapse of Reason tinha algumas músicas muito boas que, se eu ainda estivesse na banda, aquelas sequências de acordes e melodias teriam sido incluídas em um disco em que eu estava envolvido. Mas conceitualmente e liricamente, é apenas lixo, em parte porque não é verdade. É como, ‘Vamos tentar escrever músicas que soem como se fossem Pink Floyd e fazer discos que soem como discos do Pink Floyd.’” diz Roger Waters.
A ausência de um conceito unificador, algo comum nos trabalhos anteriores da banda, foi alvo de críticas. No entanto, essa abordagem permitiu que o álbum se concentrasse em faixas individuais fortes, em vez de se prender a uma narrativa global.
É notável como o Pink Floyd conseguiu evoluir após a saída de Waters. “The Division Bell”, lançado em 1994, mostrou uma banda mais coesa, explorando temas como a falta de comunicação, provando que ainda eram capazes de criar obras conceituais significativas.
A obra demonstrou que o Pink Floyd ainda era capaz de criar álbuns conceituais impactantes, mesmo sem a presença de Waters. As composições de Gilmour e Wright, em particular, trouxeram uma nova dimensão sonora à identidade da banda.
Embora Waters continuasse a expressar opiniões críticas sobre os projetos do Pink Floyd após sua saída, é inegável que a banda manteve sua capacidade de produzir música de alta qualidade. A sonoridade característica do grupo permaneceu reconhecível, ainda que com nuances diferentes das encontradas na era Waters.
“The Division Bell” serviu como prova de que os membros remanescentes do Pink Floyd podiam criar obras relevantes e musicalmente ricas por conta própria, consolidando seu legado além da era Waters.
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