O rock e o metal sempre enfrentaram acusações de plágio e apropriação musical, e um dos casos mais debatidos envolve o Iron Maiden e a banda britânica Beckett. A controvérsia gira em torno de “Life’s Shadow”, música lançada entre 1973 e 1974, que supostamente teria sido utilizada indevidamente pelo Maiden em duas de suas composições mais conhecidas: “Hallowed Be Thy Name” e “The Nomad”. Com processos judiciais e disputas sobre direitos autorais, a questão se arrastou por décadas até um desfecho definitivo em 2025.
A história da banda Beckett e “Life’s Shadow”
A banda Beckett surgiu no início dos anos 1970, fazendo parte da cena hard rock britânica. Com um som que misturava elementos progressivos e pesados, o grupo lançou um álbum homônimo em 1974. Entre as faixas do disco, “Life’s Shadow” chamou atenção por sua estrutura complexa e melodias marcantes. Embora a banda não tenha alcançado grande notoriedade, seu trabalho influenciou outros artistas da época, incluindo Steve Harris, baixista e principal compositor do Iron Maiden.
No forum Maiden Fans, Keith Fisher fez a seguinte postagem em 2010: “Eu era o baterista do Beckett em 73/4, quando Steve e Adrian vinham assistir à banda regularmente. Eles gostavam muito da banda e nos citavam como uma grande influência. Nicko tocou com uma banda chamada Streetwalkers, e seu vocalista, Roger Chapman do Family, o apresentou ao álbum Beckett, que ele havia produzido para nós. Nicko gostou da minha bateria em Rainbow’s Gold e sugeriu ao Maiden que fizessem um cover. Nicko e Adrian também estavam envolvidos com Kenny Mountain e Terry Slesser (ambos do Beckett) em um grupo chamado The Entire Population of Hackney; Embora Steve e Bruce invariavelmente acabassem no palco com eles em seus shows.
Morei em Los Angeles por muito tempo e não sabia de nenhuma conexão Maiden/Beckett até postar o vídeo Old Grey Whistle Test no Youtube, então comecei a descobrir o uso não creditado e não recompensado de nossa música Life’s Shadow em The Nomad e Hallowed be Thy Name. Então, para deixar claro: não fomos informados sobre o uso que eles fizeram do nosso material, nem recebemos nenhuma taxa. Adoro o que eles fizeram com todo o nosso material; adoro a bateria de Nicko em Rainbow’s Gold, e considero um elogio que eles usem nosso material e o tragam à atenção do mundo e para fora da obscuridade onde ele residia há muito tempo. No entanto… o assunto agora está em discussão entre os principais membros do Beckett; em particular Bob Barton, que escreveu Life’s Shadow.”
Iron Maiden e as semelhanças com “Life’s Shadow”
Lançada em 1982 no álbum The Number of the Beast, “Hallowed Be Thy Name” tornou-se uma das músicas mais emblemáticas do Iron Maiden. No entanto, trechos da letra e partes da melodia apresentavam semelhanças notáveis com “Life’s Shadow”. Anos mais tarde, “The Nomad”, lançada no álbum Brave New World (2000), também foi apontada por fãs como tendo elementos que remetiam à música do Beckett.
O problema veio à tona quando Barry McKay, representante dos compositores Bob Barton e Brian Quinn (que trabalharam em “Life’s Shadow”), moveu ações legais contra o Iron Maiden, alegando plágio. Em 2017, o Maiden chegou a um acordo extrajudicial referente a “Hallowed Be Thy Name”, mas a polêmica permaneceu, especialmente quanto a “The Nomad”.
O desfecho em 2025
A disputa continuou por anos, com debates sobre o real envolvimento de Steve Harris e outros membros do Maiden na suposta apropriação. Em 2023, novos documentos foram apresentados, fortalecendo a reivindicação dos herdeiros dos compositores de “Life’s Shadow”. A pressão levou a banda a reconhecer oficialmente, em 2024, que houve inspiração na música do Beckett, sem a devida compensação original. Como parte do novo acordo judicial, os créditos de “The Nomad” foram revisados para incluir Barton e Quinn, e os direitos autorais passaram a ser compartilhados.
Em 2025, o catálogo do Iron Maiden já refletia as alterações, e a questão foi encerrada legalmente. Apesar do impacto inicial da controvérsia, a banda manteve sua reputação e seguiu com sua turnê comemorativa de 50 anos. O caso, no entanto, entrou para a história do metal como um dos exemplos mais emblemáticos de disputas sobre autoria no gênero.
O episódio reforçou a necessidade de revisões cuidadosas em créditos musicais e deixou um legado para novas gerações de artistas sobre a importância da transparência na criação musical.
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