O peso da comparação: três bandas que foram chamadas de “os novos Beatles”

Luis Fernando Brod
3 minutos de leitura
Beatles. Foto: Reprodução.

Desde o final dos anos 1960, a indústria musical buscou replicar o fenômeno dos Beatles, rotulando diversas bandas como seus “herdeiros”. Essa estratégia de marketing, embora impulsionasse a carreira de alguns grupos, raramente se mostrou justa ou sustentável. O título de “novos Beatles” se tornou um fardo, evidenciando a singularidade do quarteto de Liverpool.

A seguir, recordamos três bandas que carregaram essa pesada comparação.

Bee Gees

Antes de dominar as paradas com a música disco em “Saturday Night Fever” (1977), os irmãos Barry, Robin e Maurice Gibb, do Bee Gees, foram apresentados como sucessores dos Beatles. Em 1967, o empresário Robert Stigwood os promoveu nos Estados Unidos como “os próximos Beatles”, especialmente após o lançamento do single “New York Mining Disaster 1941”. A Atco Records chegou a enviar cópias do single para rádios com etiquetas em branco, sugerindo que fosse uma faixa inédita dos Fab Four. Apesar do sucesso com seu pop barroco e baladas, a comparação nunca se consolidou. Em 1978, eles voltaram a se cruzar com o universo dos Beatles ao estrelar o filme “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, ao lado de Peter Frampton.

The Knack

Em 1979, a imprensa norte-americana elegeu The Knack como “os novos Fab Four”. O contrato com a Capitol Records, mesma gravadora que lançou os Beatles nos EUA, e a arte gráfica do álbum “Get the Knack” (1979) reforçaram essa associação. Com o sucesso mundial de “My Sharona”, a indústria enxergou na banda um renascimento da beatlemania. Contudo, o grupo liderado por Doug Fieger logo enfrentou o efeito reverso. Críticos os acusaram de ser um produto fabricado, e uma campanha intitulada “Knuke the Knack” refletiu a rejeição. O sucesso foi rápido e passageiro, levando à dissolução da banda em 1982.

Oasis

Nos anos 1990, os irmãos Liam e Noel Gallagher lideraram o Oasis, banda que marcou o auge do britpop. Com canções que faziam referência a clássicos dos Beatles e riffs inspirados em outros grupos como T. Rex e The Stone Roses, eles próprios alimentaram a comparação. Liam chegou a afirmar em 1996: “Somos melhores que os Beatles. Eles não são a melhor banda do mundo, somos nós”. A postura confiante impulsionou o sucesso global, mas também os tornou alvo de críticas. Paul McCartney reconheceu sentir-se lisonjeado pelas referências, mas alertou que se proclamar como os “novos Beatles” poderia ser “o beijo da morte”.

LEIA MAIS:
Compartilhar esse artigo
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *