Em 1973, dois nomes marcantes do rock britânico se encontraram nos corredores do estúdio Morgan, em Londres. De um lado, o Yes finalizava novas gravações. Do outro, o Black Sabbath trabalhava nas faixas de “Sabbath Bloody Sabbath”, quinto álbum de estúdio da banda liderada por Ozzy Osbourne.
Foi nessa coincidência de agenda que surgiu um convite inesperado. Ozzy, então impressionado com os recursos do teclado, abordou Rick Wakeman — tecladista do Yes — com uma proposta direta. “Ele me disse: ‘Eu tenho umas coisas que precisam ser feitas no teclado nesse álbum’”, contou Wakeman ao The Metal Voice.
Na época, o uso de teclados em álbuns de heavy metal ainda não era prática comum. Mesmo assim, Wakeman aceitou o pedido. “Respondi: ‘Sim, eu faço para vocês, sem problema’”, recordou o músico. Mas a cena que encontrou no estúdio fugia do habitual, mesmo para os padrões da década de 1970.
“Eles estavam todos jogados, desmaiados um em cima do outro — e eu não estava muito longe daquilo”, afirmou. Segundo Wakeman, o único que parecia consciente era o operador de fita. “Um garoto apavorado. Ele disse: ‘Configurei a parte que eles querem que você toque… Ozzy disse que você saberia o que tocar.’ Eu respondi: ‘Não faço ideia!’”, relatou, entre risos.
Apesar da falta de instruções, a participação de Wakeman rendeu um dos momentos mais memoráveis do disco. O músico gravou piano e minimoog na faixa “Sabbra Cadabra”, que se tornaria uma das mais ousadas sonoramente da obra lançada em dezembro de 1973.
“Sabbath Bloody Sabbath” marcou uma virada na sonoridade do grupo. A presença de instrumentos pouco usuais para o gênero — como o teclado — refletiu uma fase de experimentações. Wakeman, embora convidado informal, ajudou a moldar esse novo caminho.
O encontro entre Sabbath e Yes, embora breve, tornou-se um episódio simbólico do cruzamento entre vertentes distintas do rock setentista.
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