Sobre o que é “Comfortably Numb”, o hino do Pink Floyd?

Lançada em 30 de novembro de 1979 no álbum duplo “The Wall”, a música “Comfortably Numb” se tornou uma das faixas mais emblemáticas do Pink Floyd. A canção se destaca não apenas pelos vocais contrastantes de Roger Waters e David Gilmour, mas também pelo solo de guitarra, frequentemente citado entre os mais memoráveis da história do rock.

A inspiração para a letra veio de uma experiência real vivida por Waters durante a turnê do álbum “Animals” (1977). Em 29 de junho daquele ano, antes de um show na Filadélfia, o músico sentiu uma dor extrema causada por uma infecção. Para conseguir se apresentar, um médico aplicou uma injeção de um sedativo potente. “Foram as duas horas mais longas da minha vida, tentando fazer um show quando eu mal conseguia levantar o braço”, relatou à Rolling Stone.

A sensação de entorpecimento físico e mental se refletiu nos versos da música, que descrevem alguém passando por um estado de dissociação. Em entrevista à Mojo em 2009, Waters revelou que outro trecho da letra remete a uma lembrança de infância: “Lembro-me de ter tido uma gripe ou algo assim, uma infecção, uma temperatura de 40 graus e estar delirando. Não era como se as mãos parecessem balões, mas pareciam grandes demais, assustadoras”.

A composição musical surgiu a partir de uma ideia que Gilmour desenvolveu enquanto trabalhava em seu primeiro álbum solo, lançado em maio de 1978. Quando o guitarrista apresentou a progressão de acordes a Waters, os dois começaram a moldar a estrutura da canção. No entanto, divergências criativas marcaram o processo de gravação. Waters queria uma abordagem mais contida, enquanto Gilmour insistia em dar destaque ao solo final. A versão que entrou no álbum resultou de um equilíbrio entre as duas visões, tornando-se um dos momentos mais marcantes de “The Wall”.

Além da gravação de estúdio, a canção ganhou vida em performances ao vivo. Durante a turnê de “The Wall” (1980-81), Gilmour tocava o solo sobre um muro cenográfico de 12 metros de altura, criando um dos momentos mais visuais do espetáculo. Décadas depois, em 2005, Waters e Gilmour interpretaram “Comfortably Numb” juntos no Live 8, marcando a última apresentação da formação clássica do Pink Floyd.

Ao longo dos anos, a música foi regravada por diversos artistas e incorporada aos shows solo de Gilmour e Waters. Seu solo de guitarra frequentemente aparece em listas das melhores performances da história do rock, sendo apontado como um dos mais expressivos já gravados. O impacto de “Comfortably Numb” segue vivo, consolidando sua posição como um dos grandes momentos do rock progressivo.

Nós já comentamos sobre ela e sobre o disco The Wall aqui neste episódio do Redação Disconecta. Veja abaixo:

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