A gente fala de grunge e logo pensa em Nirvana e Pearl Jam, não é? Mas a verdade é que para essa onda musical tomar conta do mundo, muita coisa precisou se alinhar nos bastidores. E uma parte importante dessa história está em Seattle, um lugar que, musicalmente falando, sempre foi um tesouro meio escondido.
Enquanto outras cidades americanas, como Los Angeles ou Nova York, tinham seus sons já bem definidos, Seattle era diferente. Lá, sem a pressão de seguir uma fórmula, os artistas tinham a liberdade de explorar, de testar, de ir além do óbvio. Essa abertura para o novo não era exclusividade dos anos 90, quando o grunge explodiu. Muito antes, nomes como Nancy e Ann Wilson, do Heart, já sentiam essa liberdade. Elas contam que Seattle as permitiu ir muito além dos limites do rock tradicional, criando músicas mais ricas e cheias de nuances.
Nancy Wilson descreveu Seattle como um porto seguro para “desajustados e excêntricos” da época. Ela brincou que o clima chuvoso e cinzento da cidade, que dura boa parte do ano, tinha um efeito especial nas pessoas mais sensíveis. “Se você é um desajustado e um cantor… você é de Seattle!”, ela disse, capturando bem o espírito do lugar. Foi nesse ambiente único que bandas como Mother Love Bone começaram a moldar o que viria a ser o som grunge, abrindo caminho para o que estava por vir.
E foi aí que o Pearl Jam entrou em cena. Eles pegaram essa base e, digamos, a levaram para outro nível. O álbum de estreia, “Ten”, é um clássico absoluto, um daqueles discos que a gente ouve e sente a força do grunge em cada nota. Mas a história do Pearl Jam não se resume a “Ten”. A banda continuou a evoluir, a buscar novos horizontes.
Para Mike McCready, o guitarrista, alguns dos momentos mais especiais da banda aconteceram quando Jack Irons assumiu a bateria. Irons chegou em 1994 e logo mergulhou de cabeça na criação de novas músicas. Uma dessas joias que nasceram dessa parceria foi “Who Are You”, uma faixa que apareceu no álbum “No Code”, de 1996. É uma canção que, ao mesmo tempo que celebra as raízes grunge do grupo, se destaca por suas mudanças de ritmo e dinâmica, mostrando um lado diferente do Pearl Jam.
Eddie Vedder, o vocalista, contou que trabalhar com Irons em “No Code” foi um convite à experimentação. Foi nesse período de liberdade criativa que “Who Are You” ganhou vida. Jack Irons, por sua vez, revelou a inspiração por trás da batida marcante da música. “Eu tocava esse ritmo desde os oito anos”, ele disse. “A ideia veio de um solo de bateria de Max Roach que ouvi em uma loja de instrumentos quando era criança.”
A música conquistou a todos na banda, mas ninguém ficou mais impressionado do que McCready. Ele não economizou elogios, chamando-a de uma das melhores que já haviam criado. “Quando ouvi essa música pela primeira vez, fiquei totalmente impressionado”, ele confessou. “Achei que era a melhor música que já tínhamos feito.” Essa declaração de McCready não só mostra o quanto “Who Are You” é especial para o Pearl Jam, mas também nos lembra que a banda sempre buscou ir além, explorando novos sons e emoções a cada passo.