Museu britânico inaugura centro cultural dedicado a David Bowie

O Victoria & Albert Museum, em Londres, abrirá em setembro um centro cultural inteiramente dedicado à obra de David Bowie. Localizado no novo edifício V&A East Storehouse, o espaço reunirá peças, registros e criações acumuladas ao longo de sua carreira.

A proposta é transformar o arquivo pessoal do artista em uma experiência acessível ao público, com curadoria colaborativa e imersiva. A inauguração está prevista para 13 de setembro, com entrada gratuita e sistema de visitas personalizadas por agendamento.

O centro terá como base o extenso acervo adquirido em 2023 pelo V&A, com mais de 90 mil itens pertencentes ao artista. Entre os objetos estão figurinos, cadernos, fotografias, vídeos e equipamentos usados por Bowie em diferentes fases de sua carreira. Peças de grande valor simbólico estarão disponíveis, como o traje usado em seu casamento e roupas das fases Ziggy Stardust e Aladdin Sane.

O projeto arquitetônico é assinado por Liz Diller e concebido como um “gabinete de curiosidades”, segundo definição da própria instituição. Os visitantes poderão solicitar até cinco peças específicas por visita, com antecedência mínima de duas semanas, via plataforma online. Essa funcionalidade faz parte do programa “encomende um objeto”, voltado à pesquisa, educação e fruição ativa da coleção.

A curadoria do espaço terá participação rotativa de artistas convidados, com novos nomes a cada seis meses. Entre os primeiros convidados estão Nile Rodgers e a banda britânica The Last Dinner Party, ambos com conexões distintas com o universo de Bowie. Rodgers, conhecido por sua parceria com Bowie em “Let’s Dance”, selecionou registros da época do disco “Black Tie White Noise”, de 1993.

Em nota oficial, ele afirmou que seu relacionamento com Bowie foi pautado por uma amizade sólida e uma paixão comum pela música. A banda The Last Dinner Party escolheu materiais relacionados à fase “Young Americans” e à chamada trilogia de Berlim (“Low”, “Heroes”, “Lodger”). Elas destacaram a importância de Bowie como criador de espaços de acolhimento para artistas e pessoas de comunidades marginalizadas.

O acervo será ainda ampliado por contribuições de curadores locais, incluindo jovens dos bairros de Hackney, Newham e Tower Hamlets. As seções fixas terão cerca de 200 objetos, com exibições que serão renovadas ao longo dos próximos anos. Obras inéditas também farão parte do centro cultural, incluindo esboços de adaptações de “Diamond Dogs” e “Young Americans”.

Outro destaque será um projeto audiovisual inspirado em “1984”, romance de George Orwell que influenciou parte da produção de Bowie. Haverá ainda uma instalação interativa sobre sua relação com a cultura pop, com referências que vão de Issey Miyake a Lady Gaga. Um filme com registros ao vivo de toda a sua carreira será exibido em sessões contínuas dentro do espaço.

O diretor do V&A, Tristram Hunt, afirmou ao Guardian que o objetivo é tornar o acervo “uma fonte de inspiração para os Bowies do futuro”. A criação do centro representa um novo formato de museu, voltado ao envolvimento direto com a produção cultural de figuras emblemáticas.

A iniciativa reafirma o lugar de David Bowie como referência criativa nas artes visuais, na moda, na música e na performance.

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