Documentário resgata trajetória de Júpiter Maçã na era de “A Sétima Efervescência”

Um mergulho raro na cena psicodélica brasileira dos anos 1990 chega às telas com o documentário “Essência Interior – Júpiter, Gross & Cascaes – 1996/1998”. O filme estreia no dia 12 de junho de 2025, no Festival Internacional de Documentários Musicais In-Edit Brasil, em São Paulo.

Dirigido por Roberto Panarotto, o documentário resgata os bastidores da divulgação do álbum “A Sétima Efervescência” e acompanha também o início das gravações de “Plastic Soda”. As imagens são registros históricos captados entre 1996 e 1998, período considerado um dos mais criativos da carreira de Júpiter Maçã. Parte do acervo como taxações de imprensa e fotos são de Paola Oliveira que era produtora e divulgadora de Júpiter e que topou a empreitada em SP com o trio.

O projeto nasceu de forma despretensiosa. O músico Marcelo Gross encontrou uma pilha de fitas VHS na casa de sua mãe. Ali estavam registros de shows, matérias de TV e bastidores que corriam risco de se perder com o tempo. A decisão foi imediata: transformar aquele material em filme.

Roberto Panarotto, além de diretor, é amigo dos músicos e pesquisador da obra de Flávio Basso. Foi ele quem conduziu o processo de digitalização, organização das imagens e produção das entrevistas. Segundo Gross, a escolha de Panarotto aconteceu naturalmente pela relação pessoal e profissional construída ao longo dos anos.

O filme traz cenas inéditas dos históricos shows no Garagem Hermética, em Porto Alegre, e da chegada da banda em São Paulo, incluindo apresentações no Museu de Arte Moderna. Parte desse material foi preservado graças ao acervo pessoal de Gross, Panarotto, Julio Cascaes e de outros colaboradores da época.

Além dos registros de palco, o documentário apresenta entrevistas atuais e de arquivo, reportagens e críticas publicadas pela imprensa brasileira sobre o impacto de “A Sétima Efervescência” na cena alternativa nacional. O trabalho ainda revela seis músicas inéditas daquele período.

A narrativa acompanha o espírito inquieto de três jovens de vinte e poucos anos que perceberam que era preciso sair de Porto Alegre para ganhar espaço no cenário nacional. Uma história que reflete coragem, desejo de expansão e os desafios de viver da música independente no Brasil dos anos 1990.

Para Gross, aqueles anos foram intensos. “Tínhamos a urgência de ir além, de fazer algo grande. E a gente simplesmente foi”, relembra. O filme também lança luz sobre a cumplicidade entre Júpiter, Gross e Cascaes, mostrando não só o lado artístico, mas também a construção pessoal que sustentava aquele projeto.

“Essência Interior” ainda faz um retrato da cena musical brasileira que, na época, começava a prestar mais atenção nas propostas experimentais e psicodélicas que fugiam do padrão comercial. As dificuldades de circular com esse tipo de som, o olhar da crítica e a reação do público também estão no centro da narrativa.

O longa terá três exibições em São Paulo durante o In-Edit Brasil. A primeira acontece no dia 12 de junho, às 20h, na Cinemateca Brasileira, com a presença do diretor, seguida de um pocket show. As outras sessões estão marcadas para os dias 15 de junho, às 18h30, no Spcine Olido, e 21 de junho, às 15h, no CCSP – Spcine Sala Paulo Emílio.

Após São Paulo, o filme terá uma pré-estreia em Porto Alegre, no dia 17 de julho, no Centro Cultural Mário Quintana, lugar simbólico para a trajetória dos músicos.

O documentário também reflete sobre o quanto essa fase foi fundamental na formação não apenas dos integrantes, mas de toda uma geração de músicos e fãs que viveram aquela cena. O material, que quase se perdeu nas fitas envelhecidas, agora ganha nova vida nas telas e promete emocionar tanto os fãs antigos quanto quem está descobrindo a obra de Júpiter Maçã agora.

A expectativa da equipe é de que “Essência Interior” estimule o público a revisitar os discos, as histórias e a estética psicodélica que marcaram aquele período. Como reforça Gross: “É uma celebração da nossa essência, daquilo que acreditávamos e ainda acreditamos.”

A produção executiva é assinada por Marcelo Gross, que também participou ativamente da curadoria dos materiais de arquivo. As imagens de divulgação são de Nanda Chemale e José Maria Palmieri.

O documentário convida os fãs a se reconectarem com a música e a história de uma das fases mais criativas do rock psicodélico brasileiro.

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