Lançado em fevereiro de 1974, o primeiro álbum do Kiss marcou a estreia da banda pela Casablanca Records. Meio século depois, Gene Simmons reflete sobre aquele momento inicial com uma mistura de nostalgia e crítica.
Em entrevista recente à WDHA-FM (com transcrição do Blabbermouth), de New Jersey, o baixista e vocalista relembrou a simplicidade que marcou a gravação do disco de estreia. “Talvez seja o trabalho mais honesto que fizemos”, afirmou Simmons.
Para ele, a falta de técnica no estúdio contribuiu para um resultado mais direto. “A gente mal sabia afinar os instrumentos”, comentou. “Sabíamos escrever algumas músicas, e isso bastava.”
Gene descreveu aquele período como uma fase de inocência artística. Segundo ele, o álbum refletia a essência crua de quem ainda não dominava as formas ou funções da indústria musical.
Composto majoritariamente por faixas de sua autoria e de Paul Stanley, o disco mostrou uma banda ainda em formação, mas com referências bem definidas. “Éramos anglófilos”, disse Simmons.
Apesar de reconhecer o nascimento do rock nos Estados Unidos, Simmons destacou a influência decisiva dos britânicos. “Os ingleses nos deram os Beatles e o Led Zeppelin. Nós demos o Grateful Dead”, ironizou.
Ele também mencionou bandas como The Kinks e Stones como inspiração. “A simplicidade de ‘Waterloo Sunset’ é algo extraordinário”, afirmou, lembrando os primeiros anos de Ray Davies.
Simmons disse que o objetivo na época era criar um grupo que unisse performance visual e diversidade vocal. “Queríamos montar a banda que nunca tínhamos visto no palco”, explicou.
O modelo, segundo ele, veio dos Beatles. “Todo mundo cantava, todo mundo era estrela”, comparou. “Diferente do Stones, onde só Jagger cantava, ou do Aerosmith, com o Steven Tyler.”
O conceito de múltiplas vozes levou à formação original com Paul Stanley, Ace Frehley e Peter Criss. Mas a permanência no grupo não seria para todos, como Simmons reconheceu.
“Nem todo mundo nasceu para correr maratonas”, declarou. “Ace e Peter foram perfeitos no início, mas não estavam prontos para 50 anos de estrada.”
Simmons também comentou que os dois músicos voltaram à banda em diferentes momentos. Ainda assim, a formação clássica ajudou a consolidar a sonoridade que o Kiss buscava desde o primeiro disco.
Ao relembrar a estreia, Gene Simmons não se refere ao álbum como o melhor, mas como o mais transparente. Um retrato de quatro jovens tentando transformar referências britânicas em algo próprio.
Entre as faixas que compõem o disco estão “Strutter”, “Deuce” e “Black Diamond”. Muitas delas ainda fazem parte do repertório de shows, mesmo após a turnê de despedida, encerrada em 2023.
Passados 50 anos, o disco de estreia do Kiss continua sendo uma peça essencial para entender o ponto de partida de uma das bandas mais visuais do hard rock.
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