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Cerimônia do Hall da Fama da Música Country reúne astros do rock, bluegrass e pop em tributo aos novos indicados

A cerimônia anual Medallion do Country Music Hall of Fame, realizada no último domingo (20), trouxe uma lição importante: quando se trata de música country, qualquer um que tenha paixão pelo gênero pode se envolver. Em uma noite repleta de homenagens emocionantes, músicos de diferentes estilos e gerações se uniram para celebrar os indicados de 2024 — o guitarrista James Burton, o cantor John Anderson e o falecido Toby Keith, que morreu em fevereiro.

A noite foi marcada pela diversidade de talentos, com participações que vão do guitarrista dos Rolling Stones, Keith Richards, ao astro do pop e rap Post Malone. Outros grandes nomes como Vince Gill, Emmylou Harris, Eric Church, Blake Shelton, Brad Paisley e a poetisa do country Lucinda Williams também fizeram parte das apresentações, mostrando que o país da música é vasto e acolhedor.

Keith Richards surpreende público e homenageia James Burton

O guitarrista dos Rolling Stones, Keith Richards, fez uma aparição surpresa na cerimônia, uma participação que foi mantida em segredo até o último momento. Nem mesmo James Burton, o homenageado, sabia que Richards estaria lá até que o CEO do Country Music Hall of Fame and Museum, Kyle Young, anunciou sua presença no palco.

Com seu característico visual rebelde — usando um gorro branco, jaqueta de couro e tênis pretos — Richards subiu ao palco segurando uma Gibson e se juntou a Vince Gill, Emmylou Harris e ao baterista dos Stones, Steve Jordan. Juntos, eles tocaram “I Can’t Dance”, uma canção de Tom T. Hall, gravada por Gram Parsons em 1973, e que contou com o estilo inconfundível de Burton na guitarra Telecaster. “Nós conseguimos, James”, disse Richards a Burton, que estava sentado na primeira fila, antes de reiniciar a banda da casa para uma animada sessão de encerramento.

Foto: Keith Richards no Country Music Hall of Fame. Crédito: Jason Kempin/Getty Images para o Country Music Hall of Fame and Museum

A homenagem a Burton também contou com Elvis Costello e o guitarrista da Desert Rose Band, John Jorgenson, que tocaram “Believe What You Say”, um sucesso de Ricky Nelson de 1958, gravado quando Burton era ainda adolescente. Brad Paisley, por sua vez, fez uma poderosa performance de “Workin’ Man Blues”, de Merle Haggard, destacando a importância de Burton para a música country.

Se a homenagem a Burton foi uma explosão de energia, a celebração de Toby Keith trouxe um tom mais emocional à cerimônia. Conhecido por sua postura orgulhosamente patriótica e por sempre escrever suas próprias canções, Keith foi lembrado tanto por sua audácia quanto por seu coração. Com sua viúva e familiares presentes na primeira fila, a noite teve momentos de profunda comoção.

Post Malone, conhecido por sua música pop e hip hop, surpreendeu o público ao apresentar uma versão fiel e vibrante de “I’m Just Talkin’ About Tonight”, sucesso de Keith de 2001. Blake Shelton, por sua vez, trouxe sua irreverência com “I Love This Bar” e “Red Solo Cup”, esta última uma canção divertida que sempre arrancava sorrisos do próprio Keith durante suas performances. Shelton, reconhecendo o espírito brincalhão da música, soube trazer leveza à noite, sem perder o respeito pela importância da homenagem.

Mas foi Eric Church quem realmente emocionou o público ao tocar “Don’t Let the Old Man In”, uma balada reflexiva de Keith sobre a mortalidade. Acompanhado apenas de seu violão, Church fez uma interpretação solitária e tocante, criando um silêncio reverente na sala. Church fez questão de lembrar ao público que Keith foi uma das maiores influências em sua carreira, com quem dividiu o palco em muitas ocasiões.

A noite começou com a homenagem a John Anderson, uma das vozes mais singulares da música country. Seu estilo inconfundível transformava cada canção em algo exclusivamente dele, e essa particularidade foi celebrada em cada tributo da noite. Shawn Camp abriu a sessão com “I Just Came Home to Count the Memories”, enquanto Del McCoury e seu grupo de cordas apresentaram uma versão emocionante de “Would You Catch a Falling Star”. Lucinda Williams, por sua vez, trouxe toda sua sensibilidade para “Wild & Blue”, uma das canções mais marcantes de Anderson.

As introduções dos homenageados foram feitas por figuras igualmente lendárias: Vince Gill teve a honra de introduzir James Burton; Randy Owen, da banda Alabama, apresentou Toby Keith; e Bobby Braddock, compositor veterano, conduziu a homenagem a John Anderson.

A cerimônia Medallion deste ano mostrou mais uma vez o poder de conexão da música country, que transcende gêneros, gerações e estilos. Keith Richards, um ícone do rock, tocando ao lado de grandes nomes da música country, e Post Malone, um astro pop, prestando homenagem a Toby Keith, são exemplos claros de como a música pode unir mundos aparentemente diferentes.

O encerramento da noite ficou a cargo de Tanya Tucker, que foi introduzida no Hall da Fama da Música Country no ano passado. Tucker comandou o público em uma emocionante versão de “Will the Circle Be Unbroken”, encerrando a cerimônia com uma mensagem de unidade e celebração.

Mais do que uma noite de homenagens, a cerimônia foi uma celebração da diversidade e da força da música country. Do bluegrass de Del McCoury ao pop-country de Post Malone, passando pelo rock country de Keith Richards e o tradicionalismo de Emmylou Harris, a noite demonstrou que a música country tem lugar para todos que se dedicam a ela com paixão.

Em um ano de discussões sobre quem “pertence” à música country, o Hall da Fama fez uma declaração clara: todos que se importam com o gênero e querem fazer parte dele são bem-vindos. E isso, mais do que qualquer coisa, é o que torna essa cerimônia tão especial.

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