O grupo Jaguaribe Carne, ícone da música paraibana e brasileira desde os anos 1970, retorna com seu primeiro álbum de estúdio em mais de duas décadas. Intitulado “Isabel, Sete Cirandas Negras e Um Apito”, o trabalho reúne oito faixas que mesclam cantigas, coco de roda e memórias afetivas, reafirmando a proposta do coletivo de unir tradição popular nordestina com experimentação musical.
Criado em 1974 pelos irmãos Pedro Osmar e Paulo Ró, o Jaguaribe Carne foi pioneiro em movimentar o bairro Jaguaribe, em João Pessoa (PB), com eventos culturais que incluíam saraus, exibições de filmes e apresentações públicas. O grupo, que contou com colaborações de artistas como Chico César, Totonho e Jarbas Mariz, consolidou-se como um dos mais inventivos da MPB, transitando entre poesia sonora e vanguarda.
O novo álbum é inspirado nos poemas escritos por Pedro Osmar após a morte de sua mãe, Dona Isabel. “Alguns dias depois que nossa mãe havia falecido, Pedro me chega com um título: ‘7 cirandas satélicas negras’. Aí veio com rascunhos de poemas”, relembra Paulo Ró. A obra ganhou forma com melodias e arranjos que incorporaram também a composição “Ciranda na Rua da Paz”, de Totonho.
As vozes femininas do Coro das Praias, formado por Tina Nascimento (esposa de Paulo) e suas filhas, dão vida a parte das faixas. Inicialmente planejado para ser gravado apenas com voz e percussão, o álbum evoluiu com a inclusão de violão, guitarra, baixo e bateria, ampliando as possibilidades sonoras. “O show ficou mais diferente, mais energético”, explica Paulo.
Gravado no Estúdio Peixe Boi, em João Pessoa, o álbum foi lançado pela gravadora Taioba Music em edição limitada.