O guitarrista e vocalista John Dwyer, do Osees, e o baterista David Barbarossa, conhecido por sua passagem no Bow Wow Wow e Adam & The Ants, se juntaram para formar o Chime Oblivion. O álbum de estreia, lançado nesta sexta-feira (11) pela Deathgod, já circula nas plataformas com um som que se distancia dos caminhos habituais de seus criadores.
A colaboração nasceu após anos de admiração mútua à distância. Dwyer conhecia o trabalho de Barbarossa desde a juventude, enquanto o baterista acompanhava as múltiplas encarnações sonoras do norte-americano. Um encontro em Los Angeles selou a afinidade.
Em cinco dias de estúdio, eles estabeleceram as bases do que se tornaria o Chime Oblivion. Barbarossa gravou baterias cheias de variações e atmosferas dub, enquanto Dwyer assumiu os baixos e contribuiu com vocais ocasionais. O projeto oscila entre o protopunk esquisito, o no-wave vigoroso e o dub alucinado.
A formação ainda inclui músicos ligados a projetos de vanguarda. Weasel Walter (Flying Luttenbachers) entra com guitarras dissonantes. HL Nelly (Naked Lights) traz vocais agressivos e performáticos. Tom Dolas (Mr Elevator) usa marimba distorcida, enquanto Brad Caulkins (Witch Egg) adiciona sopros em camadas.

O álbum, homônimo, alterna momentos de tensão e desordem com passagens melódicas incomuns. Faixas como “The Fiend” e “Kiss Her Or Be Her” exibem os vocais teatrais de Nelly sobre batidas urgentes e guitarras em rota de colisão.
“Smoke Ring” conduz o ouvinte com um compasso que flerta com o suspense. Já “The Catalogue” mergulha numa cadência que remete aos graves do dub jamaicano. Dwyer, por sua vez, reforça a estrutura melódica com linhas de baixo em “The Uninvited Guest” e “I’m Not a Mirror”.
Em entrevista à Stereogum, Dwyer comentou sobre a escolha da publicação como única parceira de divulgação. “Eles prestam atenção, mas não são pretensiosos. Me identifico com esse jeito de cobrir música”, disse, entre risos.
Durante uma chamada de vídeo, Dwyer e Barbarossa contaram como o projeto os trouxe de volta à sensação de começar algo do zero. “Foi como estar de novo em uma banda de garagem, só que com mais truques na manga”, disse Barbarossa.
O Chime Oblivion apresenta um repertório que valoriza o improviso controlado, como se o caos estivesse sempre ao alcance, mas nunca deixasse de obedecer à estrutura. Para músicos com décadas de estrada, a estreia soa como renovação.
O disco está disponível nas principais plataformas de streaming. Segundo os músicos, apresentações ao vivo devem ser anunciadas nos próximos meses, com foco em espaços que valorizem a experimentação e o improviso.

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