Vários álbuns do grupo australiano King Gizzard & The Lizard Wizard desapareceram recentemente do catálogo do Spotify.
A mudança ocorre poucos dias após a banda fazer uma postagem com críticas diretas ao serviço de streaming.
Segundo fãs nas redes sociais, sumiram da plataforma os discos mais recentes lançados pelo selo próprio da banda, o KGLW. Já os álbuns distribuídos anteriormente por selos como Flightless Records e ATO Records permanecem disponíveis.
Entre os títulos retirados estão “Phantom Island”, “Flight b741”, “The Silver Cord” e “PetroDragonic Apocalypse”. Todos fazem parte da fase mais recente da discografia, marcada por lançamentos frequentes e produção independente.
A decisão de retirada não foi acompanhada por um comunicado oficial, mas ganhou contornos públicos nesta quinta (25). Na mesma data, o grupo lançou “Demos Vol. 7+8”, uma coletânea de gravações alternativas fora da plataforma.
Em uma publicação divulgando o novo lançamento, a banda escreveu: “Nova coletânea de demos lançada em todos os lugares, exceto no Spotify (foda-se o Spotify!)”. A frase foi interpretada como um posicionamento direto contra a empresa e chamou atenção da imprensa internacional.
A banda também incentivou fãs a fazerem suas próprias prensagens, dentro do espírito “bootleg” habitual do grupo. O gesto não é isolado: outros artistas também se distanciaram do Spotify por motivos semelhantes. Nos últimos dias, bandas como Xiu Xiu e Deerhoof removeram parte de seus catálogos da plataforma.
O protesto tem como alvo o CEO da empresa, Daniel Ek, por seu envolvimento em investimentos ligados à tecnologia militar. Ek participou recentemente de uma rodada de financiamento de quase US$ 700 milhões para a empresa Helsing.
A companhia atua com inteligência artificial aplicada a estratégias de guerra, o que causou desconforto entre músicos independentes. A polêmica reacende discussões sobre a ética nas relações entre tecnologia, música e financiamento militar. Além disso, o Spotify já vinha sendo criticado por suas políticas de pagamento de royalties a artistas.
Em abril, a plataforma anunciou mudanças no modelo de remuneração, afetando principalmente criadores com baixa audiência. Também foi alvo de polêmica por acordos com figuras públicas que enfrentam críticas em outras frentes.
King Gizzard & The Lizard Wizard não confirmou se a exclusão de discos será permanente ou parte de uma ação pontual. Os álbuns retirados seguem disponíveis em outros serviços como Apple Music, Bandcamp e YouTube Music.
A banda também mantém um modelo de distribuição alternativo que incentiva os fãs a compartilharem gravações físicas.
Até o momento, o Spotify não comentou publicamente a retirada dos álbuns nem o posicionamento da banda.