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Mogwai retorna com álbum “The Bad Fire” após anos desafiadores e conquista inesperada

O quarteto de Glasgow, Mogwai, viveu anos turbulentos, mas retorna com o novo álbum, “The Bad Fire”, lançado na última sexta-feira. O disco surge após um período marcado por desafios pessoais e perdas, mas mantém a essência da banda, conhecida por suas composições instrumentais densas e atmosféricas.

Em 2021, o álbum anterior, “As The Love Continues”, alcançou o primeiro lugar nas paradas britânicas, um feito descrito como “psicodelicamente estranho” pelo vocalista Stuart Braithwaite. A conquista ocorreu durante a pandemia, o que impediu a comemoração tradicional. “Nem pudemos ir ao pub falar sobre como foi estranho”, brincou Braithwaite.

Apesar do sucesso, a banda não se deixou influenciar pela pressão. Ao trabalhar com o produtor John Congleton, conhecido por colaborações com St. Vincent e The Killers, Mogwai sequer mencionou o feito. “Ele só descobriu quando um jornalista francês comentou”, revelou Braithwaite.

O processo de criação de “The Bad Fire” foi marcado por dificuldades. Barry Burns, tecladista da banda, enfrentou o diagnóstico de anemia aplástica em sua filha, uma condição rara e grave. Após um transplante de medula óssea e quimioterapia, a recuperação foi bem-sucedida, mas o período foi extremamente desgastante.

Além disso, a banda perdeu figuras importantes, como o agente Mick Griffiths, que acompanhava a carreira do grupo desde o início, e o pai do baixista Dominic Aitchison. Até o cachorro de Braithwaite, Prince, enfrentou problemas de saúde, precisando amputar uma perna antes das gravações.

Apesar dos temas pesados, “The Bad Fire” não se tornou um álbum confessional. Braithwaite mantém a postura de evitar transformar experiências pessoais em letras explícitas. “Se algo importante acontece na minha vida, a última coisa que quero é escrever uma música sobre isso”, disse ao jornal The Herald em 2003.

As faixas, em sua maioria instrumentais, seguem a tradição da banda de títulos enigmáticos e abertos à interpretação. Destaques como “Pale Vegan Hip Pain” e “Fanzine Made Of Flesh” reforçam essa abordagem. A única pista de turbulência aparece em “18 Volcanoes”, com Braithwaite cantando: “A esperança chegou mais um dia / Me abrace de todas as formas”.

O novo álbum já caminha para o top 5 das paradas britânicas, beneficiado pelas vendas físicas, que têm peso maior no cálculo do ranking. Braithwaite comenta que o mundo do streaming é “turvo e difícil de entender”, criticando a predominância de músicas antigas e a falta de investimento em novos artistas.

Ele também questiona a autenticidade de playlists curadas, sugerindo que serviços como o Spotify podem favorecer músicas genéricas criadas por IA. Apesar disso, Mogwai colhe frutos do streaming. A faixa “Take Me Somewhere Nice”, de 2005, acumula 85 milhões de visualizações no YouTube, graças a um vídeo não oficial que se tornou um símbolo para fãs.

“A música ganha outras vidas no mundo digital”, reflete Braithwaite, destacando a conexão emocional que as canções da banda criam com o público.

Ouça abaixo The Bad Fire do Mogwai

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