Música eletrônica foi oficialmente incluída pelo Ministério da Cultura da França no Inventário do Patrimônio Cultural Imaterial do país, etapa inicial para futura candidatura à lista da UNESCO.
O reconhecimento abrange toda a produção apelidada de “French touch”, que revelou nomes como Daft Punk, Justice, Air, Cassius, Phoenix, Étienne de Crécy, M83 e Alan Braxe. Segundo a ministra Rachida Dati, a medida “confirma que o gênero compõe a identidade artística francesa”. Na mesma resolução, os clubes noturnos foram classificados como espaços legítimos de expressão e celebração artística.
A decisão valoriza também pioneiros do estilo. Jean-Michel Jarre, citado pelo ministério, lançou “Oxygène” em 1976 usando sintetizadores sem vocais e influenciando a sonoridade que dominaria as pistas nas décadas seguintes. Em publicação nas redes sociais, o artista — embaixador da UNESCO desde 1993 — celebrou “ver a música eletrônica conquistar seu lugar no patrimônio mundial”.
O apoio político já vinha crescendo. Em junho, o presidente Emmanuel Macron declarou que trabalharia para inscrever a “French touch” diretamente na lista global da UNESCO, destacando a contribuição francesa para a invenção da música eletrônica. O organismo internacional já protege estilos como reggae jamaicano, mariachi mexicano, rumba cubana e, desde 2023, o techno de Berlim.
A França possui outras tradições musicais no rol protegido, entre elas o Gwoka da Guadeloupe e a arte dos trompistas, conhecida pelo controle de vibrato. A inclusão da música eletrônica amplia esse repertório e promove salvaguardas oficiais para práticas, saberes e espaços ligados ao gênero, consolidando sua importância cultural dentro e fora do país.



