Os Replicantes lançam disco de vinil que eterniza show histórico de 40 anos de carreira

No dia 16 de maio de 1984, quatro jovens subiam ao palco do Bar Ocidente, em Porto Alegre, para a primeira apresentação profissional de uma banda que, nas décadas seguintes, se tornaria uma das mais influentes do punk rock brasileiro. Formada por Cláudio Heinz, Heron Heinz, Wander Wildner e Carlos Gerbase, Os Replicantes surgiam naquele momento como uma voz provocativa, irreverente e necessária na cena cultural gaúcha e nacional.

Exatos quarenta anos depois, no mesmo dia 16 de maio, a história parecia prestes a se repetir. Um show especial no Bar Opinião, na capital gaúcha, celebraria as quatro décadas de trajetória da banda. No entanto, a maior enchente da história de Porto Alegre, que devastou a cidade em maio de 2024, obrigou o adiamento do evento para o dia 15 de agosto daquele ano. Apesar do cenário de tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul, o reencontro histórico aconteceu, carregando ainda mais significado e simbolismo.

Os Replicantes – 40 Anos

O show foi estruturado em cinco blocos que reuniram todas as formações que passaram pela banda ao longo de sua história. Pela primeira vez, músicos de diferentes gerações dividiram o mesmo palco. Estavam presentes Cláudio Heinz, Heron Heinz, Wander Wildner e Carlos Gerbase, integrantes da formação original, além de Julia Barth, Cleber Andrade, Ricardo “King Jim” Cordeiro e Luciana Tomasi, que integraram a banda em diferentes períodos.

Com ingressos esgotados e a casa completamente lotada, o público foi conduzido por um repertório que percorreu todas as fases dos Replicantes, desde os primeiros clássicos até canções que representam momentos mais recentes da trajetória do grupo. A resposta da plateia foi imediata. O público cantou junto, dançou e formou rodas no meio da pista, como nos melhores e mais intensos momentos da história do punk rock brasileiro.

Esse registro agora ganha vida no disco de vinil “Os Replicantes – 40 Anos”, lançado pelos selos independentes E-Discos.net e Made In Soul Records. Mais do que uma lembrança do show, o lançamento se posiciona como um documento histórico da música brasileira. Produzido, mixado e masterizado por Lucas Hanke, do estúdio Marquise 51, o álbum reúne a íntegra da apresentação com qualidade técnica que preserva toda a energia do espetáculo.

O vinil foi prensado pela Polysom, principal fábrica de discos do país, em uma edição limitada. O projeto gráfico inclui capa dupla (gatefold), encarte com fotos assinadas pelos fotógrafos Chico Lisboa e Fernanda Chemale, além da ficha técnica completa do show, reforçando o caráter de peça de colecionador.

O repertório reflete a trajetória da banda e seus hinos mais emblemáticos. Estão presentes músicas como “Nicotina”, “O Futuro é Vórtex”, “Boy do Subterrâneo”, “Hippie, Punk, Rajneesh”, “Astronauta” e clássicos absolutos como “Surfista Calhorda” e “Festa Punk”. São canções que atravessaram gerações, mantendo-se atuais tanto no discurso quanto na sonoridade.

Ao longo de quatro décadas, Os Replicantes consolidaram-se como uma das bandas mais importantes do cenário independente nacional. Sua trajetória é marcada por letras provocativas, críticas sociais, humor ácido e uma postura que sempre dialogou com a contracultura. Mais do que uma banda, os Replicantes são um manifesto vivo da resistência cultural, do espírito faça-você-mesmo e da autonomia artística.

O lançamento do LP “Os Replicantes – 40 Anos” ocorre em um momento particularmente sensível para o Rio Grande do Sul, que ainda enfrenta as consequências da maior tragédia ambiental de sua história. Nesse contexto, o disco se torna também um símbolo de resistência, de persistência e da capacidade que a música tem de unir, mobilizar e fortalecer comunidades.

O álbum já está disponível para venda nos canais dos selos E-Discos.net e Made In Soul Records. A edição é limitada, o que confere ao lançamento não apenas valor afetivo e histórico, mas também um caráter de raridade.

Para quem viveu aquele show, o vinil é memória. Para quem não pôde estar lá, ele se torna história registrada em sulcos. Mais do que um disco, um testemunho de quatro décadas de inconformismo, criatividade e paixão pela música.

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