A cantora, apresentadora e empresária Preta Gil morreu neste domingo, aos 50 anos, em Nova York, nos Estados Unidos. A informação foi confirmada pela assessoria da artista e pelo pai, Gilberto Gil, por meio das redes sociais. Ela estava no país desde junho, onde buscava tratamento experimental contra a doença.
Diagnosticada com um câncer no intestino em janeiro de 2023, Preta enfrentou a doença de forma pública e determinada. Foram quase dois anos de cirurgias, quimioterapia, radioterapia e acompanhamento médico contínuo. Em 2024, chegou a anunciar remissão, mas a enfermidade voltou de forma mais agressiva.
O tumor identificado foi um adenocarcinoma, um tipo comum de câncer no trato intestinal. Após o diagnóstico, ela iniciou o tratamento em hospitais no Brasil, com internações frequentes ao longo de 2023. Em julho do mesmo ano, passou por uma cirurgia para retirada da parte afetada do intestino.
Com a retomada dos compromissos profissionais ainda durante o tratamento, Preta manteve uma comunicação constante com seu público. Por meio de vídeos e postagens, ela atualizava fãs sobre seu estado de saúde e a rotina hospitalar. Em entrevista ao jornal O Globo, disse: “Dividi minhas vulnerabilidades com cabeça erguida, como sempre foi”.
No segundo semestre de 2024, ela revelou a volta da doença, agora com metástases. Os exames detectaram dois tumores nos linfonodos, um nódulo no ureter e células cancerígenas no peritônio. A artista então se afastou dos compromissos e seguiu para os Estados Unidos em busca de novas alternativas terapêuticas.
Preta Maria Gadelha Gil Moreira nasceu no Rio de Janeiro, em 1974. Filha de Gilberto Gil e da empresária Sandra Gadelha, teve contato com o meio artístico desde a infância. Cresceu cercada por músicos, jornalistas e artistas da cena cultural brasileira. Ao longo da vida, atuou como cantora, atriz, apresentadora e empreendedora.
Seu álbum de estreia, “Prêt-à-Porter”, foi lançado em 2003, com composições próprias e releituras. Com voz marcante e presença constante na mídia, Preta misturava gêneros populares e letras autobiográficas. Ao longo dos anos, lançou mais de cinco álbuns e diversos singles, participando também de trilhas sonoras e projetos colaborativos.
Nos anos 2010, consolidou-se como personalidade televisiva, participando de programas e campanhas nacionais. Também fundou uma produtora e um bloco de carnaval, o “Bloco da Preta”, que reuniu milhares de pessoas no centro do Rio de Janeiro por mais de uma década.
Além da carreira artística, Preta Gil foi reconhecida pelo ativismo em temas como igualdade racial, direitos LGBTQIA+ e valorização do corpo feminino. Era presença frequente em debates sobre representatividade na música e na televisão. Sua atuação nas redes sociais ajudou a romper estigmas sobre padrões de beleza e saúde mental.
Em 2025, recebeu o Prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo, pela maneira como compartilhou sua vivência com o câncer. Em seu discurso, reafirmou a escolha de manter o diálogo aberto com o público: “Sei que fiz a escolha certa em dividir com as pessoas as minhas vulnerabilidades”.
De acordo com a família, o corpo de Preta Gil será repatriado nos próximos dias. Os detalhes sobre o velório e o sepultamento ainda não foram divulgados. Em nota, Gilberto Gil agradeceu as manifestações de carinho recebidas desde a confirmação da morte e pediu respeito à privacidade familiar neste momento.
A notícia da morte de Preta gerou comoção entre colegas da música, fãs e instituições culturais. Nas redes sociais, artistas como Ivete Sangalo, Caetano Veloso e Pabllo Vittar prestaram homenagens, destacando sua generosidade, coragem e presença na cultura brasileira nas últimas duas décadas.