Nessa edição do podcast Redação DISCONECTA, com a presença de Marcelo Scherer, Afonso Scherer e Maurício Silva foi dedicado ao trigésimo aniversário de uma obra seminal do rock dos anos 90.
O tema central da conversa foi o álbum “Mellon Collie and the Infinite Sadness” do Smashing Pumpkins. Este álbum, que completou 30 anos em outubro, foi descrito como um magno opus, sendo “muito mais do que uma ópera rock”. Os hosts destacaram a grandiosidade do álbum, que tem mais de 120 minutos de duração e conta com 28 faixas. Ao contrário dos álbuns anteriores, nos quais os críticos diziam que a banda era monocromática, em “Mellon Collie…” ouve-se de tudo: art rock, heavy metal, e o uso de sintetizadores e bateria eletrônica, o que revolucionou o som da banda e o rock dos anos 90.
O processo criativo foi impulsionado pelo perfeccionismo e egocentrismo do vocalista Billy Corgan, que é visto como “mais louco que o Batman”. No entanto, Marcelo Scherer destacou que artistas megalomaníacos têm a maior propensão de entregar arte de qualidade. Corgan buscava criar um álbum épico, o “The Wall” de sua geração.
A gravação do álbum, apesar de conturbada, resultou em um álbum “maravilhoso”. O disco foi fragmentado e feito em dois estúdios, com os integrantes às vezes trabalhando separados para evitar conflitos. A escolha dos produtores, Flood e Alan Moulder, foi apontada como fundamental. Moulder foi creditado por trazer a “podridão do álbum”, com as guitarras mais distorcidas e sujas, um som influenciado por sua experiência anterior com My Bloody Valentine. Flood foi um produtor provocador, chegando a rejeitar uma demo da canção “1979” — que quase ficou de fora do disco — dizendo que era uma “porcaria”.
Musicalmente, o álbum demonstra duas fases distintas. Ele começa mais “raivoso” e “angustiante” (representando as personalidades de Billy Corgan). O lado Day do álbum é chamado de “Dawn to Dusk”, e o lado Night é “Twilight Starlight”. A faixa “Bullet with Butterfly Wings” já expressa a angústia inicial (e.g., “Expire My Rage just”), enquanto o lado mais vulnerável e sentimental é revelado em faixas mais calmas.
O álbum se conectou fortemente com o contexto social da Geração X. Billy Corgan traduziu a revolta e a angústia dessa geração, que vivia o pós-sonho americano, sem a estrutura familiar tradicional da época (as chamadas Letic Kids). A música, nesse cenário, servia como válvula de escape e um “porto seguro”. A vulnerabilidade de Corgan nas letras, como em “Stambeline”, onde ele expressa que se sente sozinho e incompreendido, ressoou com muitos. A faixa “Tonight, Tonight” foi citada como um abraço, que passa a mensagem de que o ouvinte “não está sozinho”.
Ao final, os hosts debateram seus favoritos. Marcelo e Afonso concordaram que o lado “Dawn to Dusk” era o melhor. Maurício destacou as faixas “Jelly Belly” (a primeira pesada do álbum), “Stambeline”, “Muzzle”, “Bullet with Butterfly Wings” e “Porcelina of the Vas Oceans”. Afonso recomendou “Tonight, Tonight”, “Bullet with Butterfly Wings” e “1979” para novos ouvintes, além da balada “33”. O álbum foi elogiado por não ter “fillers” e por ter todas as 28 faixas se conectando propositalmente.




