30 Anos de Pulse do Pink Floyd | RD #064

Marcelo Scherer
7 minutos de leitura

Nesta semana, o programa Redação DISCONECTA trouxe uma conversa apaixonada entre seus hosts, Luis Fernando Brod, Julio Mauro e Marcelo Scherer, que mergulharam fundo em um verdadeiro marco musical: o álbum ao vivo “Pulse” do Pink Floyd. Celebrando 30 anos de seu lançamento, este compilado, gravado durante a turnê “The Division Bell” entre outubro de 1994 e março de 1995, é um registro histórico que continua a ressoar com fãs de todo o mundo.

Lançado no Reino Unido em 29 de maio de 1995 e nos Estados Unidos em 6 de junho do mesmo ano, “Pulse” é mais do que um álbum ao vivo; é um compilado que une músicas da então nova turnê “The Division Bell” com diversos clássicos atemporais da banda. David Gilmour fez questão de que a gravação fosse autêntica, afirmando que não houve “overdubs em estúdio”, sendo uma “gravação pura do show”.

A discussão revelou a forte conexão emocional dos fãs com “Pulse”. Muitos se recordam de ter assistido ao show pela TV, com Julio Mauro mencionando especificamente a Band (Bandeirantes) no Brasil, o que indica a ampla exposição que o show teve na época.

Entre os itens físicos, a versão em CD com o “ledzinho que piscava” na lombada tornou-se um cobiçado item de colecionador, apesar de seu preço elevado na época. Marcelo Scherer, inclusive, revelou que seu exemplar original já não piscava mais. A capa do LP também é destacada por sua riqueza em detalhes e “easter eggs”, criada por Storm Thorgerson. Para Luis Fernando Brod, a experiência de assistir ao show em VHS, mesmo com a qualidade da época, era “uma viagem assim tipo transcendental”, ressaltando o impacto visual e sonoro do Pink Floyd.

“Pulse” é aclamado pela sua qualidade de áudio e visual, especialmente considerando a tecnologia disponível na época. O show foi descrito como “espetacular” em termos de “pirotecnia” e “tipos de efeito”, que estavam “à frente do seu tempo”. A preocupação visual da banda e o “projeto gráfico dos discos sempre são muito bem feitos”. Marcelo Scherer notou que o palco de David Gilmour em seus shows no Brasil em 2016/2017 era “exatamente esse aqui”, trazendo o mesmo telão e os raios lasers que marcaram o “Pulse”.

As backing vocals são elogiadas, com destaque para Sun Brown, Durga McBroom e Cláudia Fontain. Sun Brown, em particular, é uma figura proeminente que já colaborou com artistas como David Gilmour e Deep Purple.

O setlist de “Pulse” é um dos seus maiores pontos fortes, mesclando clássicos e músicas mais recentes. Um dos grandes destaques é a performance completa de “Dark Side of the Moon” no disco 2. Esta foi a primeira vez que a banda tocou o álbum completo ao vivo desde a década de 70, e para Marcelo Scherer, a performance ao vivo de “Dark Side of the Moon” em “Pulse” é “melhor que o disco melhor” (referindo-se ao álbum de estúdio), apesar da ausência dos gritos de Roger Waters em “Brain Damage”. Julio Mauro complementou, dizendo que a versão remasterizada do “Dark Side” em outras edições “não chega nem aos pés dessa dessa versão que tem no do show que tem no Puls”.

Outras músicas emblemáticas incluem:

  • “Shine On You Crazy Diamond”, que abre o show como uma homenagem a Syd Barrett.
  • “Astronomy Domine”, do primeiro disco do Pink Floyd, “The Piper at the Gates of Dawn”.
  • “Coming Back to Life”, “Another Brick in the Wall” e “One of These Days” também são mencionadas como grandes destaques.
  • O solo de guitarra de David Gilmour em “Comfortably Numb” é descrito como “mais longo um pouco” e lendário.

Uma curiosidade para os fãs, apontada pelos hosts, é a existência de duas músicas em algumas versões (cassete ou VHS) que não estão no CD ou LP: “One of These Days” e uma “música ambiente” de 22 minutos, sem nome.

“Pulse” alcançou grande sucesso comercial, chegando ao primeiro lugar na Billboard em junho de 1995 e recebendo atribuições de disco de ouro, platina e dupla platina em 31 de julho do mesmo ano. No Brasil, vendeu mais de 100.000 cópias, sendo o país com maior número de vendas, talvez pelo fato de o Pink Floyd nunca ter tocado em terras brasileiras. A turnê de 1994, que gerou o álbum, foi vista por mais de 5 milhões de pessoas e arrecadou mais de 100 milhões de dólares na época.

“Pulse” é considerado o “último show oficial” da banda, desconsiderando a reunião no Live Aid. Para os hosts, este álbum representa o “melhor momento pós Roger Waters” e é tido como a “melhor apresentação ao vivo do Pink Floyd”.

A guitarra de David Gilmour em “Pulse” possui um timbre e uma “cara” distintos, muito claros para quem ouve seus discos solo. Ele é elogiado por sua capacidade de “não errar notas” e por sua “simbiose” com a guitarra, priorizando o “feeling” e a emoção em vez da velocidade. Sua performance em “Comfortably Numb” é um exemplo da emoção que ele entrega nos solos. Marcelo Scherer notou uma pequena “escorregadinha” no solo de “Comfortably Numb” em um show em Curitiba, mas enfatizou que foi “imperceptível” e que Gilmour ainda deu um sorriso.

Apesar da qualidade do álbum, os hosts lamentaram que a versão em DVD lançada em 2006 apenas converteu o som para 5.1 e adicionou extras, sem uma remasterização significativa da imagem. Contudo, há esperança de uma remasterização em 4K e áudio em Dolby Atmos para “Pulse”, similar ao que foi feito com “Live at Pompeii”.

“Pulse” é, portanto, muito mais do que um simples álbum ao vivo; é um registro histórico do Pink Floyd em seu auge criativo pós-Roger Waters, uma experiência imersiva para os fãs e um testemunho do impacto duradouro da banda na música. Sua importância é sublinhada pela performance impecável, a inovação visual e a profunda conexão emocional que estabelece com seu público, especialmente no Brasil.

Compartilhar esse epiósdio
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *