30 anos de “The X Factor” do Iron Maiden | RD #079

Marcelo Scherer
6 minutos de leitura
Capa Redação Disconecta, episódio 79 sobre "The X Factor" do Iron Maiden.

O programa Redação Disconecta iniciou mais uma edição abordando um tema que, como de costume, prometia polêmica: o álbum “The X Factor”, do Iron Maiden. O disco, que completou 30 anos (por volta de 13 ou 15 de setembro), marcou um momento de cisma na banda e um período considerado “um pouco difícil”. Os hosts Luis Fernando Brod, Eduardo Luppe e Julio Mauro dedicaram a conversa à análise do álbum. O programa é transmitido todas as terças-feiras, às 8 horas da noite (20h), nas plataformas de streaming preferidas do público, como Apple Music, Deezer e Spotify, além do YouTube.

A principal razão da controvérsia de “The X Factor” foi a saída de Bruce Dickinson. O vocalista, que estava na banda desde 1982, “resolveu que estava no momento” e “precisava dar um ar para a cabeça” para buscar “coisas diferentes”. Depois da turnê de “Fear of the Dark” (1992), houve um “murmurinho muito grande” sobre se o Iron Maiden continuaria. Bruce Dickinson, a “figura central” e mais carismática da banda, havia saído, e a questão era: “quem poderia substituir?” Foi realizado um concurso para a vaga. Entre os prováveis cantores, mencionados em revistas da época, estavam Paul Di’Anno, Michael Kiske e Blaze Bayley. Blaze, que vinha da banda Wolfsbane, foi o escolhido. A decisão foi vista como uma escolha do baixista Steve Harris — “o cara que tá desde o começo” e “que tem a palavra final”.

A escolha por Blaze Bayley não foi bem aceita pelos fãs mais “hardcore”. Eduardo Luppe relembrou que, na época, a reação ao primeiro clipe foi de choque, com o público achando que o novo vocalista “não canta nada” e era “fanhoso”. O álbum trouxe consigo diversas quebras de paradigma. Para Julio Mauro, que ouvia os discos anteriores exaustivamente na adolescência, a mudança foi um “choque inicial”. A arte da capa já não era mais “um desenho”, mas sim uma tentativa de “humanizar o Ed”. Uma versão da capa, mostrando Ed com as vísceras à mostra, inclusive, foi censurada em alguns países. Além disso, o logo tradicional do Iron Maiden foi alterado.

Musicalmente, o disco também refletiu uma fase difícil para Steve Harris, que passava por um divórcio. Brod e Luppe notaram que Harris buscou “explorar muito” sua “veia progressiva”, algo que já vinha se manifestando em álbuns anteriores. O álbum introduziu uma fórmula que se manteria até hoje na carreira da banda, segundo Luppe: músicas que “começam lento, [são] explosivas e [terminam] lento”.

Apesar da polêmica, hoje os hosts veem o álbum sob uma luz mais favorável. Julio Mauro comentou que o disco está “ficando talvez melhor” com o tempo. Luis Fernando Brod chegou a sugerir que o álbum soa como se fosse “um disco solo do Steve Harris”. Um dos principais pontos negativos levantados por Brod foi a extensão do álbum (uma hora e onze minutos), com a sensação de que ficava “muito arrastado” após a sétima faixa. O disco vendeu mal na época em mercados importantes, como Estados Unidos e Inglaterra, mas teve melhor aceitação na Suécia e na Itália. Com o tempo, transformou-se em um “álbum cult”.

Embora “The X Factor” tenha sido composto em tons mais baixos para a voz de Blaze Bayley, o vocalista sofria ao vivo com as canções clássicas de Dickinson, precisando baixar o tom — algo “sofrível”. Luppe ressaltou, contudo, que Blaze é um bom vocalista em estúdio e em sua carreira solo, chegando a gravar o excelente álbum “Silicon Messiah” após deixar o Maiden.

Músicas em destaque:

“Sign of the Cross”: faixa de veia progressiva, baseada no livro O Nome da Rosa, de Umberto Eco.
“Man on the Edge”: uma das mais conhecidas e tida como “tiro certeiro”.
“Judgement of Heaven”.

Brod ainda mencionou a cover de “Doctor Doctor” (do UFO), presente no álbum, como “o melhor cover que o Iron Maiden já fez”. Em retrospecto, os hosts concluíram que, trinta anos depois, o álbum “não é ruim” e que, tirando as complicações das performances ao vivo, passou no teste do tempo.

Luis Fernando Brod, Eduardo Luppe e Julio Mauro agradecem a audiência. Luppe relembrou que a gravação é um momento para “desopelar a cabeça”. Para acompanhar a próxima edição, que sai toda terça-feira, não se esqueça de se inscrever no canal e deixar as cinco estrelinhas no Spotify. O Redação Disconecta te encontra na próxima.

Compartilhar esse epiósdio
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *