Em 2001, o produtor Bob Rock concedeu uma entrevista detalhada sobre cada faixa do “Black Album” do Metallica. Com o disco completando mais de três décadas de lançamento, é um momento oportuno para revisitar os altos e baixos que moldaram o álbum de maior sucesso comercial do metal.
“Não foi um disco divertido ou fácil de fazer”, disse Bob Rock sobre o quinto álbum de estúdio do Metallica, popularmente conhecido como “Black Album”. Ele afirmou que, apesar de momentos de descontração, o processo foi difícil, e ambos os lados não pretendiam trabalhar juntos novamente após a conclusão.
Em 1990, quando Rock começou a trabalhar com o Metallica (James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett e Jason Newsted), a banda já havia alcançado sucesso com “…And Justice For All”, de 1988, passando de um grupo cult para atrações de arena.
Rock observou que a banda buscava um salto para o rádio mainstream. Ele negou ter mudado o grupo, afirmando que eles já estavam prontos para essa transformação. Rock contribuiu sonoramente, adicionando uma profundidade de graves que faltava em trabalhos anteriores.
Ele também contou que, ao ouvir a demo de “Sad But True”, a comparou a “Kashmir” do Led Zeppelin, descrevendo o riff como “incrível”. Ele observou que o Metallica nunca havia criado algo tão pesado e poderoso antes.
Parte do processo envolveu o trabalho com a bateria de Lars Ulrich. Rock notou que Lars tocava acompanhando a guitarra de James, mas para o Metallica alcançar um som mais “groovado”, Lars precisava ser o ponto central musicalmente. Em algumas faixas, a banda seguiu o ritmo de Lars, o que fez uma diferença. “Back In Black” do AC/DC foi uma referência para o groove desejado.
O produtor também detalhou como o riff de “Sad But True” ganhou ainda mais força. Durante a pré-produção do “Black Album”, Rock percebeu que várias músicas, incluindo “Sad But True”, estavam na tonalidade de Mi. Ele então sugeriu à banda que afinasse os instrumentos em Ré, uma técnica que ele havia utilizado na produção do álbum “Dr. Feelgood” do Mötley Crüe.
James Hetfield também passou por uma transição ainda maior na escrita. Ele queria que suas letras tivessem mais significado. Rock mencionou conversas sobre grandes compositores como Bob Dylan e John Lennon, e Hetfield percebeu que poderia escrever para si mesmo e ainda assim tocar outras pessoas. Foi um esforço para ele, mas resultou em um grande avanço como escritor.
Lançado em 12 de agosto de 1991, o “Black Album” foi recebido como um sucesso artístico. Estreou em primeiro lugar e gerou singles como “Enter Sandman”, “Sad But True”, “The Unforgiven”, “Nothing Else Matters” e “Wherever I May Roam”. Comercializou 22 milhões de cópias, consolidando o Metallica como superestrelas globais.
Bob Rock, que posteriormente trabalhou com o Metallica em outros cinco projetos, considera o “Black Album” a maior realização de sua vida profissional.