No sábado, 21 de junho, “Sueño Stereo” completou 30 anos desde seu lançamento na América Latina e na Espanha. Último álbum de estúdio do Soda Stereo, ele foi editado em 1995, após o hiato iniciado logo depois do disco “Dynamo”.
O grupo havia pausado atividades em 1993 e retornou aos ensaios em janeiro de 1995, no estúdio Supersónico, em Buenos Aires. Gustavo Cerati, Charly Alberti e Zeta Bosio decidiram se reencontrar sem pressa e com liberdade criativa total.
“Teve momento em que só restava o desejo, porque o resultado não convencia”, disse Cerati, segundo arquivo do jornal Clarín. “Mas no dia seguinte voltávamos e as caras mudavam”, completou. Charly Alberti explicou que o trio não sabia o que esperar: “A dúvida era o que aconteceria quando voltássemos a tocar”. Segundo ele, tudo foi acontecendo de forma natural, sem metas pré-definidas ou pressão.
Zeta Bosio reforçou a tensão do reencontro: “Não sabíamos o que ia sair, havia ansiedade e expectativa”. “Levou tempo até nos encaixarmos de novo, e isso acabou alimentando o disco”, afirmou em entrevista na época. O grupo viajou ao Reino Unido em abril de 1995 para registrar o álbum nos estúdios Matrix, em Londres. O local já havia recebido nomes como Massive Attack e Björk, e proporcionava o isolamento buscado pelos músicos.
A produção ficou a cargo do Soda Stereo em parceria com o técnico inglês Clive Goddard (INXS, Jesus Jones). Durante as sessões, a banda cogitou lançar um álbum duplo com material dividido entre canções e faixas eletrônicas. A ideia era batizar os dois discos com pares de palavras, mas a proposta foi abandonada no processo. O trio optou por um único álbum, com 12 faixas, que equilibrava guitarras, sintetizadores e arranjos orquestrais.
“Sueño Stereo” reúne composições elaboradas como “Zoom”, “Pasos” e a suíte final formada por “Planta”, “X-Playo” e “Moiré”. Essa sequência traz sintetizadores densos, além de cordas que ampliam a sonoridade da banda. No repertório, também se destaca “Ella usó mi cabeza como un revólver”, que virou hit antes mesmo do lançamento. A música foi divulgada em rádios e chegou ao público com apoio de uma forte campanha promocional.
A gravadora promoveu o disco com cartazes, anúncios em rádio e slogans espalhados por Buenos Aires. A frase usada foi: “O inverno começa em 21 de junho, e também um sonho: ‘Sueño Stereo’, o novo álbum do Soda Stereo”. A edição foi simultânea em países como Argentina, México, Chile, Peru, Uruguai, Colômbia, Espanha e Estados Unidos. O retorno da banda foi um dos eventos musicais mais comentados daquele ano na América Latina.
Logo após o lançamento, o Soda apresentou o álbum em nove noites no Teatro Gran Rex, com ingressos esgotados. Ainda em 1995, o trio realizou um show gratuito na Plaza Moreno, em La Plata, para mais de 150 mil pessoas. O evento celebrava o aniversário da cidade e contou com a participação de membros da banda Virus. Na ocasião, eles tocaram juntos a música “Amor descartable”, como tributo à cena do rock argentino dos anos 1980.
“Sueño Stereo” seria o último álbum de estúdio do grupo, que se separaria oficialmente dois anos depois. Em 1997, o Soda Stereo iniciou a turnê “El último concierto”, encerrando as atividades no Estádio do River Plate. Cerati, Alberti e Zeta voltariam a se reunir apenas em 2007 para uma turnê de despedida em países da América Latina. A morte de Cerati, em 2014, selou o fim definitivo da banda, que permanece como uma das mais influentes do continente.
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