Tem discos que viram parte da rotina sem a gente perceber. Você ouve uma vez, depois outra, e quando vê, já sabe até a ordem das faixas de cabeça. Não é só apego musical. Esses álbuns entraram em fases importantes da minha vida, acompanharam mudanças, ajudaram a moldar meu gosto e, de alguma forma, continuam presentes. Pode ter coisa mais nova, mais técnica, mais experimental, mas são esses que sempre voltam pra minha lista.
Pink Floyd – The Dark Side of the Moon (1973)
Foi o primeiro disco que realmente me pegou do Pink Floyd. Eu estava naquele momento de descobrir que existia muito mais em uma música do que refrão e solo de guitarra. The Dark Side of the Moon entrou na minha vida com força, e ficou. Lembro da sensação de ver o clássico vídeo pirata com o Mágico de Oz sincronizado com o disco, coisa de nerd de música, mas que me mostrou como imagem e som podiam caminhar juntos em algo maior. “Time” continua sendo uma das músicas que mais mexem comigo até hoje. O disco tem uma construção impecável, com transições que parecem pensadas até o último segundo. Não é só um álbum. É uma experiência.

Metallica – Metallica / The Black Album (1991)
Esse veio no auge da adolescência. Quando tudo parecia intenso demais: as amizades, os amores que não davam certo, as tretas que hoje parecem bobas, mas na época pareciam o fim do mundo. O Black Album apareceu nesse contexto, com uma sonoridade mais direta do que os discos anteriores da banda, mas com uma força que me marcou. Foi meu ponto de entrada para o metal, para as camisetas pretas, para os riffs que grudam e para os vocais que berram coisas que a gente não sabia explicar. Até hoje acho que é um disco injustamente subestimado por quem acha que acessível significa fraco. Ele é simples na forma, mas preciso na execução.

Jethro Tull – Aqualung (1971)
Para mim, Aqualung é a definição de um disco bem feito. Rock progressivo de verdade, sem firula desnecessária, mas com toda a complexidade que o estilo pede. Cada faixa traz algo novo, uma virada inesperada, um arranjo que encaixa perfeitamente, um riff que não sai da cabeça. É um disco com peso, com momentos delicados, com flauta, com letra afiada. Tudo isso junto sem parecer forçado. Não sei quantas vezes já ouvi esse álbum inteiro, mas sempre que volto a ele descubro alguma coisa nova. E isso, pra mim, é sinal de que ele ainda faz sentido.

Os Paralamas do Sucesso – Vamo Batê Lata – Ao Vivo (1995)
Ganhei esse disco da minha avó. E isso já seria suficiente para ele estar aqui. Mas além disso, é um dos registros ao vivo mais honestos que conheço. Sem maquiagem, sem overdub exagerado, só a banda tocando com vontade. É o Paralamas no palco, com tudo o que eles têm de melhor: energia, melodia, crítica, ritmo. Eu ouvi esse CD até cansar (o que nunca aconteceu, na verdade). Gravei em fita, emprestei, recuperei, e continuo ouvindo. Sempre que volto a ele, vem junto a lembrança daquela fase em que a música chegava pelos CDs que alguém te dava.

Queen – Live at Wembley Stadium (1986)
Esse disco virou minha trilha de fuga. Quando o dia está puxado demais ou a cabeça não colabora, coloco Live at Wembley e deixo o resto pra depois. O Queen nesse show está no ápice, com domínio de palco, público na mão, repertório afiado. É daqueles shows que parecem não ter um minuto fraco. Freddie Mercury conduz tudo como se fosse uma conversa, não uma apresentação. E é exatamente isso que me pega: a sensação de estar ali no meio da multidão, mesmo ouvindo de casa, anos depois. Um disco que não precisa de contexto para funcionar, mas que sempre acaba trazendo boas lembranças.
