5 bandas do novo rock gaúcho pra ficar de olho – Parte 1

Marcelo Scherer
5 minutos de leitura
Mosaico bandas gaúchas.

O Rio Grande do Sul sempre foi um estado rockeiro. Um rincão de onde brotaram bandas desde os remotos anos 60 e 70, como Liverpool e Bixo da Seda, passando pelos 80 com TNT, Cascavelletes, Replicantes, DeFalla, Nenhum de Nós, Engenheiros — e a geração noventista com Graforréia Xilarmônica, Ultramen, Bidê ou Balde, Acústicos & Valvulados — chegando à virada do século com Cachorro Grande e outras como Superguidis, Stratopumas, Pública e Cartolas.

Mesmo tendo certeza de que esqueci de citar ótimas bandas, o fato é que, na última década, ficamos órfãos de um movimento com uma nova safra do rock gaúcho.

E, de alguns anos pra cá, apesar de tantos problemas sociais, econômicos, de saúde pública e, mais recentemente, das questões climáticas que enfrentamos, parece que a coisa vem mudando.

O renascimento do rock atual feito nos pampas, depois de uma era de incertezas, é o que anima. As novas bandas estão atraindo um público novamente que estão dispostos a sair de casa para ver amigos, bandas e camaradas tocarem na noite.

Ainda é tímido em termos de grande público, mas quem disse que uma cena se faz no mainstream? E, olhando para esse novo rock gaúcho, trago aqui cinco bandas para prestar atenção.

Essa é a primeira parte de uma série que, aos poucos, vou desbravando aqui na Disconecta.

Bora pra elas!

Supervão

Supervão. Crédito: Divulgação.

Ok, já são 10 anos de estrada e dois álbuns no currículo, mas o amadurecimento apresentado em Amores e “Vícios da Geração Nostalgia” é algo único. Mario Arruda e Leonardo Serafini parece que encontraram a estética musical e visual que dão unidade e muita personalidade a banda.

Mesmo com letras que celebram a nostalgia, liricamente o que ouvimos é como encarar o mundo atual com memórias boas e ruins do passado.

No contexto musical influências de Strokes com energia e excitação se misturam a melancolias de Joy Division.

Sem sombra de dúvidas, a banda mais maduro dessa geração até aqui!

Jaydson

Foto: Jaydson e Banda. Crédito: Billy Valdez.
Foto: Jaydson e Banda. Crédito: Billy Valdez.

Apesar de levar o nome do artista, Jaydson é uma banda que mergulha em ótimas referências noventista, hardcore melódico, grunge e punk fazem dele uma das grandes promessas da nova safra. Letras espertas e sagáz com críticas sociais e culturais ácidas.

Assim como parte musical liricamente Jaydson não poupa nem seus ídolos que morreram cedo e luta contra esse movimento dando esperança e até sendo um contraponto a geração de rockeiros doa 70, 80 e 90.

Sem Carisma

Sem Carisma. Crédito: Instagram da banda.
Sem Carisma. Crédito: Instagram da banda.

Banda de gurias que fazem com muita competência um rock visceral quase punk e letras ácidas e escrachadas. Contando histórias em suas letras que elas vicenciaram dando ainda mais autenticidade ao seu som.

Simples, direto e sem firulas, tão aí pra mostrar que o que envelheceu não foi o rock, mas sim os velhos conservadores rockeiros.

Ovo Frito

Ovo Frito. Crédito: Clara Baracat.

Tive um certo estranhamento quando ouvi esse nome pela primeira vez, mas como nome de banda não se discute, basta ver a banda Beijo. Musicalmente o mergulho no indie é óbvio, mas muito bem vindo em um momento em que muitas bandas que entram nesse pagos acabam se tornando um verdadeiro sonífero.

Já o Ovo Frito não, um belo instrumental e letras com boas sacadas que retratam os dissabores e deleite da sua geração.

Qeva

Quem É Você Alice? Crédito: Gabriel Felin.
Quem É Você Alice? Crédito: Gabriel Felin.

Depois de um hiato em decorrência de problemas internos na banda, eles estão de volta. Uma das bandas mais aclamadas do rock triste atual, juntou seus cacos e voltou.

Ainda não consegui ver ao vivo com a nova formação, mas confesso que estou curioso com o que estar por vir, já mostraram potencial com o lançamento do primeiro single após “rolê trevas pt. II”.

Um pouco diferente, deixando pra trás a influência direta do emo midlewest e encontrando novos caminhos com muito identidade. Faixas novas como “gambito de belgrado” tráz uma delicadeza e profundidade. Já “o tempo nas minhas mãos” retoma o lado noise da banda. Tem pra todos os gostos!

Pra fechar…

Esse não é um ranking, muito menos acaba aqui, como falei, a nova safra do rock gaúcho está mais viva do que nunca e apresenta uma variedade de bandas e estilos.

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