Jeff Beck em 10 canções

Luis Fernando Brod
7 minutos de leitura
Jeff Beck. Foto: Reprodução.

Jeff Beck construiu uma carreira singular ao longo de seis décadas, transitando entre o blues rock, o jazz fusion e o hard rock. Ao contrário de muitos colegas, preferiu a guitarra como linguagem principal, evitando os holofotes típicos de vocalistas e líderes tradicionais.

Sua morte, em 10 de janeiro de 2023, aos 78 anos, interrompeu uma das carreiras mais consistentes da música britânica. Vítima de meningite bacteriana, Beck faleceu de forma repentina, pouco tempo após concluir uma turnê com Johnny Depp.

Beck ganhou projeção como substituto de Eric Clapton nos Yardbirds, entre 1965 e 1966, em uma fase marcada pela experimentação. Foi ali que consolidou o uso de efeitos como fuzz, wah-wah e feedback, ampliando o vocabulário do rock britânico. Após a saída, formou o Jeff Beck Group com Rod Stewart e Ron Wood, registrando dois álbuns entre 1968 e 1969. Esses discos anteciparam sonoridades que ganhariam forma anos depois em bandas como Led Zeppelin e Faces.

Ao longo da carreira, Beck alternou projetos com vocais e álbuns puramente instrumentais, com foco na exploração tímbrica. Seu domínio de técnicas como o uso da alavanca e controle de volume o destacou entre os guitarristas contemporâneos.

Em 1975, lançou “Blow by Blow”, produzido por George Martin, considerado um marco da fusão entre rock e jazz. A abordagem instrumental seria aprofundada em “Wired”, de 1976, com influências do funk e do fusion.

Beck era conhecido por colaborações pontuais, muitas vezes inesperadas, como sua participação no disco “Crazy Legs”, de 1993. Também tocou com Stevie Wonder, Kate Bush, Roger Waters e Tina Turner, em participações mais discretas que comerciais. Mesmo sendo referência entre músicos, Beck manteve carreira modesta em termos de venda de discos e popularidade. Foi indicado ao Rock and Roll Hall of Fame duas vezes: como Yardbird em 1992 e como artista solo em 2009.

Nos anos 2010, Beck lançou discos como “Emotion & Commotion” (2010) e “Loud Hailer” (2016), com boas críticas especializadas. Seus shows mantinham o caráter técnico, com repertórios que cruzavam décadas e estilos distintos. Em 2022, uniu-se ao ator e músico Johnny Depp no álbum “18”, com covers e canções inéditas. Foi seu último registro em estúdio, lançado poucos meses antes de sua morte.

Ao longo de mais de 50 anos, Beck recusou o papel de popstar e evitou formatos convencionais de carreira. Seus discos não seguiram uma linha contínua, e seus grupos raramente duravam mais de dois álbuns.

Mesmo assim, seu nome permanece como referência para várias gerações de guitarristas, de Joe Satriani a Tom Morello. Sua abordagem estética, mais intuitiva que formal, é frequentemente citada como exemplo de liberdade criativa.

10. I Can’t Give Back the Love I Feel for You (The Jeff Beck Group)

Jeff Beck gravou seu quarto álbum em Memphis. O produtor foi Steve Cropper, guitarrista da Stax Records nos anos 60. O LP, “Jeff Beck Group”, é um dos mais emocionantes de Beck. A versão instrumental de uma canção de Ashford & Simpson se destaca.

9. Going Down (The Jeff Beck Group)

Don Nix, saxofonista dos Mar-Keys e colega de Steve Cropper, compôs “Going Down” nos anos 1960. A canção foi regravada por diversos artistas. Entre eles estão Freddie King, The Who, Led Zeppelin e Pearl Jam. A versão de Jeff Beck se destaca pelo solo de guitarra, apesar dos vocais contidos de Bobby Tench.

8.Cause We’ve Ended As Lovers

O álbum “Blow by Blow”, de Jeff Beck (1975), trouxe a releitura de “She’s a Woman” (Beatles) e duas faixas de Stevie Wonder. Dentre elas, a balada “Cause We’ve Ended As Lovers” se destaca. Com quase seis minutos, a canção apresenta um dos solos mais celebrados de Beck. O disco alcançou a quarta posição nas paradas, o melhor desempenho de sua carreira.

7. Freeway Jam

“Freeway Jam”, uma das músicas mais populares de Jeff Beck, destaca-se por seu solo de guitarra. A faixa foi escrita por Max Middleton, tecladista que colaborou com Beck no Jeff Beck Group e em seus álbuns “Blow by Blow” e “Wired”. A canção é um grande exemplo do talento instrumental do quarteto.

6. I Ain’t Superstitious (The Jeff Beck Group)

O clássico de Willie Dixon foi gravado por Howlin’ Wolf em 1961. Contudo, a versão do Jeff Beck Group se destaca. Com Rod Stewart nos vocais e Ron Wood no baixo, a performance é intensa. A guitarra de Beck domina a faixa, espetando cada nota.

5. She’s a Woman

Após o supergrupo “Beck, Bogart & Appice” (1973), Jeff Beck lançou seu primeiro álbum solo. Totalmente instrumental, o disco foi gravado em Londres com o produtor George Martin. Martin sugeriu “She’s a Woman”, dos Beatles, e a versão de Beck foi um sucesso.

4.Goodbye Pork Pie Hat

Em 1976, Jeff Beck lançou “Wired”, novamente com produção de George Martin. Diferente de “Blow by Blow”, este álbum mergulhou no jazz-fusion. O destaque é a versão de um clássico de Charles Mingus. Essa gravação mostra um lado sutil e apaixonado de Beck.

3. Happenings Ten Years Time Ago (The Yardbirds)

Jeff Beck e Jimmy Page tocaram poucas músicas juntos nos Yardbirds. “Happenings Ten Years Time Ago”, um Top 30 com riff marcante, foi a primeira. A faixa também inclui uma das raras vozes gravadas de Beck, que murmura durante o solo de guitarra.

2. Heart Full of Soul (The Yardbirds)

“Heart Full of Soul”, o segundo Top 10 do Yardbirds, marcou o início da carreira de Jeff Beck. Na faixa, Beck imita um sitar no riff principal. Ele também entregou um dos primeiros solos gravados com muita distorção.

1. Beck’s Bolero (The Jeff Beck Group)

Após sair dos Yardbirds, Beck e sua guitarra foram o centro. Mesmo com amigos como Keith Moon, Rod Stewart e Ron Wood em seus discos, ele se destacou. As melhores músicas de Jeff Beck mostram sua técnica e grandes nomes do rock.

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