Sabotage é um álbum cheio de raiva! O Black Sabbath ficou durante dois anos sem lançar álbuns. O seu último álbum, Sabbath Bloody Sabbath, de 1973, foi regado à substâncias e fadiga da banda. Desta vez, o estresse e problemas legais tomam conta.
Como o nome do álbum sugere, a banda vinha sendo processada pela sua antiga banda, e os quatro membros sentiam-se sabotados. Segundo Tony Iommi, “éramos sabotados o tempo todo e sendo atacado de todos os lado”. Ainda, segundo Bill, “gravamos com a presença de advogados no estúdio”.
Trazendo na bagagem sucessos e 10 meses de processos judiciais, Sabotage é lembrado como um dos discos menos inspiradores, o que é uma grande bobeira e sua capa. Apesar dos “torce nariz” que tentam colocar o álbum abaixo, este se mostra mais pesado, letras mais ricas e com experimentalismo. Percebe-se em Supertzar e Am I Going Insane (Radio).
O álbum
Um dos destaques vai para Hole In The Sky, a faixa de abertura. Com um dos riffs mais poderosos da história do Sabbath, não fica muito longe de clássicos como Paranoid. Em meio a temática de guerra apocalíptica e viagem cósmica, Ozzy delira e urra sobre passar por um buraco no céu onde “não vê lugar nenhum através dos olhos de uma mentira”.
Sympton Of The Universe é o Sabbath em seu ápice criativo. Começando de um modo, evolui rapidamente em uma jam, feita em um único dia. Além disso, dá para ver o embrião do thrash metal na faixa. Incrível como é extremamente perceptível que o grupo originou o heavy metal e ainda deu a linha para a criação de outros ramos.
The Writ é uma das poucas faixas do Sabbath composta por Ozzy. Em meio a frustações, a faixa é outro urro e indireta ao ex-empresário Patrick Meehan. Sim, outro destaque nos processos da banda. Além disso, a indústria musical é dilacerada. Meehan é questionado diretamente: “Você é Satanás? Você é Homem?”
Fato engraçado – como sempre acontecia com a banda – Ozzy chegou no estúdio e encontrou o English Chamber Choir gravando Supertzar. Ozzy simplesmente virou e foi embora, achando que havia entrado no estúdio errado.
Capa
Dada como uma das capas mais “WTF?” da história do metal, já adiantamos que não deveria ser do modo que foi feita. O conceito do espelho invertido foi correto. Contudo, os designers sabotaram a banda. A ideia era que o Black Sabbath usasse duas roupas: totalmente preta e em outra foto as vestimentas de palco. Com promessas, durante as sessões de fotos, que as imagens se sobreporiam as outras, não aconteceu. Deste modo, recebemos essa foto que acaba se tornando clássica com o Bill Ward usando as calças da esposa.
Sabotage para a posterioridade
Vocês podem acreditar que não é um álbum tão forte, relacionado aos antecessores. Ou até pode julgar o “disco pela capa”. Mas não se pode negar o quanto a banda está totalmente amadurecida.
Em certas faixas, como “Sympton Of The Universe”, se você ligar em um volume alto, é capaz de você sentir gotas de cuspe do Ozzy na sua cara. Exatamente, o grau de raiva é em um nível tão absurdo que, vai sim, te influenciar.
Todo o peso do Sabbath e as letras de Geezer foram colocadas em um liquidificador com processos, raivas e frustações. É disso que Sabotage se trata. Pode não ser um Paranoid ou até mais trabalhado que Never Say Die… O que importa é que o Sabbath reagiu e mostrou que não eram só aquilo que foram taxados.
Fato notável é a banda saindo de sua zona de conforto. Ozzy toca sitentizador, Tony Iommi se lança no piano e harpa, Geezer no mellotron e Bill bo piano e scat vocal em “Blow On a Jug”.
É como se fosse preciso um chá de realidade, que gravadora e empresário , mesmo enviando drogas e mais drogas, não são seus amigos.
Sabotage é um marco. Querendo ou não.