Poucas bandas podem se orgulhar da evolução musical com o passar do tempo.
Há muitos casos de bandas clássicas de rock cujas produções acabam perdendo a força com o passar dos anos, como os álbuns de hard rock do Black Sabbath entre os anos 80 e 90, que tiveram inúmeras formações.
Mesmo bandas brasileiras, como o Sepultura, após o álbum “Roots” até a chegada de “Machine Messiah”, passaram por uma mudança sonora que não agradou a maioria de seus fãs.
Esse não é o caso do Guided By Voices, que, mesmo não sendo uma banda mainstream, vem mostrando uma evolução musical que capta sua atenção logo nos primeiros minutos de seu mais recente álbum, “Universe Room”.
O Guided By Voices vem entregando ótimos discos. Ao observar a discografia da banda, nota-se que eles sempre foram prolíficos, mas desde 2019 lançaram nada menos que 14 álbuns de estúdio.
É impressionante o quanto Robert Pollard e sua tropa têm trabalhado nos últimos anos, e o melhor: todos os álbuns são excelentes. Foram praticamente 3 álbuns por ano, com exceção de 2021, e podemos imaginar o motivo.
O GBV foi formado em 1983, na cidade de Dayton, no estado de Ohio. Eles sempre foram conhecidos por serem precursores do lo-fi, ou seja, gravações de baixa qualidade inspiradas por bandas de garage rock pós-British Invasion. Com suas gravações, que muitas vezes beiram um som sujo, eles angariaram uma boa quantidade de fãs que os acompanham desde os anos 80 até hoje.
Com o passar do tempo, a banda largou o lo-fi puro e vem entregando álbuns bem interessantes, como é o caso de “Universe Room”.
O disco transita bastante pelo rock de garagem e tem seus momentos lo-fi, como na vinheta “The Well Known Soldier”. Aliás, outra característica da banda são as músicas curtas que compõem sua discografia, muitas delas não passando de 1 minuto e 30 segundos.
E mesmo com tão pouco tempo de duração, eles entregam músicas muito interessantes no álbum, como “Independent Animal”, com riffs e melodias muito cativantes. “Hers Purple”, que segue a linha de produção de curta duração, possui uma batida marcante e um lick interessante de guitarra sobre a voz de Pollard.
Não podemos deixar de mencionar, entre as 17 faixas do disco, a faixa de abertura, “Drive Time”, seguida de “I Couldn’t See The Light”. A primeira apresenta um riff arrastado acompanhado pela voz melancólica de Pollard, que aos poucos vai ganhando corpo com a adição de teclados psicodélicos. A segunda tem uma introdução inspirada no garage rock dos anos 60, com vocais semitonados do vocalista, que desemboca em um riff marcante de baixo e guitarra, acompanhado por linhas vocais cantaroláveis de Pollard.
Entre outras faixas que chamam a atenção está “I Will Be Monk”, que fala em primeira pessoa sobre ser um monge julgado sem ter sido ordenado, apenas observando a sociedade e sem se importar com o que os outros dizem.
“Great Man” se destaca pelos riffs de guitarra baseados nos riffs de teclado, que resultam em uma música que não sai da cabeça.
Já “Clearly Aware” é bem arrastada, mas com um peso marcante das guitarras e da seção rítmica, sob o canto melancólico do vocalista. É uma faixa extremamente agradável de se ouvir, mesmo com sua baixa rotatividade.
Sem me alongar sobre todas as faixas, “FransCisco” tem um clima flamenco misturado com um toque de rock alternativo. “Aesop Dreamed Lion” é outra que merece destaque por ser uma balada incomum com elementos característicos da banda.
Enfim, um álbum que merece ser ouvido e já se coloca (pelo menos para mim) entre os melhores de 2025 até o momento.
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