Melhores do ano internacionais por nosso colaborador Marcus Vinícius

Luis Fernando Brod
10 minutos de leitura
Marcus Vinícius, colaborador da Disconecta.

Seguimos com mais uma lista de melhores do ano internacionais, desta vez por nosso colaborador Marcos Vinícius.

10 Olivia Dean – “The Art of Loving”

Em apenas seu 2º registro, a artista britânica de 26 anos oferece um álbum delicioso de se ouvir. Mesclando R&B clássico com Soul, Funk e doses de um Pop vintage, ela entrega uma performance vocal de respeito que, aliada a instrumental mais que competente, é capaz de encantar qualquer um ao longo de suas 12 faixas e pouco mais de 34 minutos. Um nível bastante alto para alguém que está nos estágios iniciais de sua carreira, e nos deixa pensando no que ainda está por vir.

9 Testament – “Para Bellum”

Não é de hoje que o Testament está em grande fase: embora não haja um consenso entre os fãs, eles voltaram a um bom patamar pelo menos desde o retorno de Alex Skolnick a seus quadros e o lançamento de “The Formation of Damnation”, só subindo o nível nos que vieram a seguir. Mas “Para Bellum” dá um passo além de seu Thrash Metal já tradicional e retoma elementos de Black e Death Metal presentes em seus trabalhos feitos durante os anos 1990. Não se prende só ao peso descomunal, porém, nos oferecendo variedade sonora em seu decorrer, explorando passagens mais cadenciadas e até momentos acústicos. Um novo ponto alto para o grupo, repleto deles na carreira.

8 Pulp – “More”

Foram 24 anos de espera, 2 retornos, a perda do baixista Steve Mackey em 2023, mas aconteceu: o Pulp lançou um novo álbum, que uniu em estúdio os 4 membros restantes aos músicos que os acompanham em turnê. E isso deu a “More” e seu Pop Rock novos contornos, usando de instrumentações orquestradas que não poucas vezes até se sobressaem aos sons elétricos. Há camadas e variedade no registro, cujas faixas abordam diversas questões pertinentes a atualidade em letras e clipes. E o resultado é um deleite, podendo ganhar a mesma relevância de seus clássicos da década de 1990 na discografia. Que não demorem tanto para uma sequência.

7 Suede – “Antidepressants”

Diferente de seus “colegas” de Britpop (classificação que todas as bandas enquadradas rejeitavam), o Suede já se encontrava mais estabelecido desde seu retorno, tendo lançado 4 álbuns desde então, todos parecendo se afastar do que faziam na época que estouraram e buscando ressaltar outras referências. E “Antidepressants” consolida esse movimento, mergulhando de cabeça em uma pegada que mescla influências Góticas e de Post-Punk a seu som, com bases no Glam e Pop Rock. E o que impressiona é a energia que os veteranos depositaram aqui, sentida em cada nota executada e soando, ao mesmo tempo, moderno e clássico. Mais um ponto alto desse que é um dos grupos mais subestimados de sua época.

6 Wolf Alice – “The Clearing”

Quem já era familiarizado com o grupo antes, pode ter tido um choque ao ouvir “The Clearing”: para quem fez 3 álbuns voltados ao Rock Alternativo com boas doses de Indie, Grunge e Shoegaze, a mudança do Wolf Alice para uma abordagem mais Pop, voltada ao Soft Rock com pitadas sinfônicas e até de Country foi bastante inusitada, com a visceralidade de seu som sendo transferida para as letras de Ellie Rowsell, com menos filtros que o normal. Mas independente de quais os motivos para tal, inegável que tiveram êxito na nova proposta, entregando uma coleção de faixas com o potencial para, finalmente, os catapultar para os rankings mais altos entre as bandas recentes, posto onde já deveriam estar há tempos.

5 Turnstile – “Never Enough”

Quem poderia imaginar que uma banda de Hardcore seria uma das grandes sensações do ano? Quer dizer, pelo que foi mostrado em “Glow On”, de 2021, até poderia se cogitar isso. Mas quando Charli xcx projetou, entre outros, o desejo por um “Turnstile Summer” no telão de seu show no Coachella 2025, dava para perceber que vinha algo de diferente por aí. “Never Enough” não apenas continua, como expande o que o grupo mostrou em seu antecessor, incorporando mais influências oitentistas e artísticas que andam lado a lado com seu lado mais agressivo. O álbum até ganhou um longa-metragem que usa suas faixas como trilha e guia para o mostrado em tela porque, acima de tudo, ele é uma experiência quase sensorial.

4 Hayley Williams – “Ego Death At A Bachelorette Party”

Com o fim do contrato do Paramore com a Atlantic e o anúncio de que seguiriam de forma independente, muitos esperavam que a banda anunciasse alguma novidade nesse ano. Só que, pelo fim de julho, a vocalista Hayley Williams disponibilizou 17 faixas avulsas em seu site, que logo foram reunidas em um álbum, ganhando outras 3 de forma gradativa. Uma estratégia de marketing inusitada e brilhante, que deu origem a um dos melhores trabalhos do ano: “Ego Death At A Bachelorette Party” merece os elogios não só pela variedade de estilos dentro de si, mas também pela habitual e irretocável honestidade das letras da artista, ainda mais afiada sobre o que parece ser o fim de seu relacionamento com Taylor Yorke. Acontecimentos ruins e música boa andam de mãos dadas, e esse é mais um exemplo dessa máxima.

This album cover image released by Post Atlantic shows “Ego Death At a Bachelorette Party” by Hayley Williams. (Post Atlantic via AP)

3 Deafheaven – “Lonely People With Power”

Após uma sequência de trabalhos que, desde “Sunbather”, vinham se afastando cada vez mais de elementos do Black Metal, culminando em “Infinite Granite”, o Deafheaven as retoma em “Lonely People With Power”. Com passagens viscerais, o grupo é capaz de oferecer aqui o que há de melhor no Metal mais extremado, de forma catártica e que não deixa pedra sobre pedra. O trabalho, porém, não abandona suas influências de Shoegaze, apresentando momentos mais contemplativos e dividindo espaço com o peso, muitas vezes trilhando o caminho do Blackgaze. O resultado é um que, mais do que impressionar pela agressividade, encanta por sua riqueza sonora ao longo de sua 1h de duração.

2 Deftones – “Private Music”

Ainda que possua alguns detratores, o Deftones já havia se redimido do feito em “Gore” com sua sequência, “Ohms”, de 2020. 5 anos se passaram desde então, porém, nos quais não apenas tiveram a mudança de Sergio Vega por Fred Sablan no baixo, mas que também viram a banda ser redescoberta por toda uma nova geração devido ao TikTok. Não havia momento melhor para se lançar um novo álbum, só que “Private Music” vai muito além de um ataque de oportunidade e parece ser uma reafirmação do grupo como potência intergeracional. Seu som varia desde o mais pesado que podem oferecer a faixas que flertam com o onírico, com performances dos veteranos que nem parecem sentir o efeito do tempo. É o grupo provando manter a força mesmo após 30 anos de sua estreia.

1 The Last Dinner Party – “From The Pyre”

Nem sequer faz 1 ano desde que The Last Dinner Party conquistou os ouvidos de muitos com sua estreia, “Prelude To Ecstasy” e, num ritmo de produção que mais lembra grupos clássicos, já registrou sua sequência. De muitas formas, “From The Pyre” continua seu antecessor, mas também é clara a expansão de sua sonoridade, que incorpora elementos diversos, desde um Indie Rock aliado a R&B (a lá Arctic Monkeys em “AM”) até Country Rock com clima de faroeste. Também dá espaço para outras integrantes assumirem os vocais, com Lizzie Mayland demonstrando seu talento em “Rifle” e Aurora Nishevci retornando em “I Hold Your Anger”. Mas o que mais impressiona é a franqueza e honestidade que suas músicas transmitem, sobretudo momentos mais intimistas como “Sail Away” e “The Scythe”. Não só o ritmo compartilham com grupos clássicos: é inacreditável que esse é um álbum feito por 5 jovens mulheres. Merece ser escutado até cansar.

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