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Montado em um caldeirão de referencias, Franz Ferdinand chega com classe em 2025

É um belo exercício resenhar um disco de uma banda que você não acompanhou praticamente nada do que ela fez nos últimos 21 anos desde o lançamento de seu ótimo e auto intitulado álbum de 2004.

Uma reconexão forçada em busca de um grande lançamento na primeira ‘semana oficial’ de 2025? Ou o ter lido em algum lugar que existiam influências de Roxy Music? Provavelmente sim para as duas coisas, mas fato é que este “The Human Fear” deixa-se escutar. 

Disco classudo, com uma quantidade enorme de referências. Sim, é bom lembrar que nem lá no disco de estreia em 2004 a banda tinha a intenção de reinventar a roda.

“Audacious”, um dos três singles lançados, que abre o álbum, consegue em seu refrão, ser mais Beatles que qualquer brincadeira de Inteligência Artificial conseguiria ser nos dias de hoje. O que é uma vantagem não? Afinal tem muita gente graúda por aí pensando e assumindo ser ‘uma boa’ o uso dela para fins criativos no meio musical.

Sem mais devaneios seguimos para “Everydaydreamer”, que abraça pela primeira vez as influências não de Roxy Music, mas sim da carreira solo de Bryan Ferry sobre uma base dançante pontuada por uma linha de baixo que poderia ter saído das quatro cordas de John Deacon na década de 80.

Quase que uma trilha sonora de videogames de 8 Bits turbinada na Manchester dos anos 80, “The Doctor” que deveria, mas não foi um dos três singles, ao que tudo indica é um dos pontos altos dos shows dos escoceses, já que a banda vêm tocando um número considerável de músicas do álbum ao vivo, mesmo antes do lançamento, inclusive no show realizado em São Paulo no último mês de novembro.

“Hooked” (esta sim um dos três singles) com sua aura disco, passaria facilmente por um Roxy Music remixado por um figurão da cena, assim como “Build To Up e Night Or Day” encaixariam também nos discos da banda de Bryan Ferry se esta tivesse continuado pós “Avalon”.

“Tell Me I Should Stay” e “Blackeyelashes” com seus arranjos mais elaborados é como se Bowie do “Tonight” mergulhasse no Bowie da trilha sonora de Labirinto. No meio delas temos “Cats”, que poderia ter sido um single lá em 2004. Afinal, num caldeirão de referências, a autorreferência também é bem-vinda.

A agradabilíssima “Bar Lonely” traz um riff Stoniano para o álbum na faixa mais roqueira do álbum.

“The Birds” fecha o álbum em mais uma autorreferência, mas infelizmente com um resultado menor que “Cats”, o que não parece ser a opinião da banda, já que esta foi preterida nos recentes setlists ao vivo.

E o álbum tem mais um ponto a seu favor. Sim, seus poucos mais de 35 minutos de duração. 

É provavelmente o tempo daquele percurso que você faz todo dia indo ou voltando para o trabalho, seja a pé, de bicicleta, de aplicativo, de ônibus ou trem. Tempo para dar chance à uma nova banda ou de se reconectar com uma perdida no passado, como este aqui o fez.

Ouça abaixo The Human Fear do Franz Ferdinand

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