Após décadas distante do gênero, Look Up marca o retorno de Ringo Starr ao universo do country. Produzido por T Bone Burnett, o álbum reúne 11 faixas gravadas entre Nashville e Los Angeles, trazendo uma abordagem que combina tradição e toques modernos. Essa volta não apenas resgata elementos de seu álbum Beaucoups of Blues de 1970, mas também reflete um momento de introspecção e conexão com o presente.
Memória e renovação
A faixa-título, “Look Up“, exemplifica a mistura entre nostalgia e contemporaneidade. Melodias suaves e uma instrumentação refinada dão espaço para reflexões sobre otimismo e superação. Já em “Time on My Hands“, a pedal steel cria um pano de fundo melódico para uma letra que sugere o peso e o valor do tempo. Em “Breathless” e “Rosetta“, Billy Strings imprime energia em linhas de guitarra que adicionam dinamismo ao álbum.
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Minimalismo na produção
T Bone Burnett assume um papel central no disco, com composições que refletem sua marca registrada. Apesar de artistas como Molly Tuttle, Larkin Poe e Alison Krauss contribuírem com vocais e arranjos, suas participações são mais contidas, reforçando uma estética minimalista que permeia o álbum. Essa escolha favorece a clareza das composições, mas reduz o espaço para momentos instrumentais mais expressivos.
As faixas carregam referências ao passado, como em “Never Let Me Go“, que resgata elementos do Merseybeat, enquanto “Come Back” apresenta uma melodia que combina simplicidade e riqueza emocional. Apesar disso, a predominância de Burnett como compositor em nove das 11 faixas deixa dúvidas sobre o quanto Look Up representa uma visão pessoal de Ringo ou um projeto mais conduzido pelo produtor.
Uma obra tranquila e honesta
Look Up não busca grandes reinvenções nem se posiciona como um destaque na discografia de Ringo. No entanto, oferece momentos de autenticidade e equilíbrio que agradam tanto fãs do country quanto aqueles que acompanham sua carreira.
Embora eu considere a discografia solo de Ringo a mais fraca entre os Beatles, com poucos trabalhos que realmente se destacam, este álbum, no meu gosto pessoal, está entre os mais ouvíveis.
Ele consegue equilibrar simplicidade e nostalgia de maneira que, mesmo sem grandes pretensões, convida o ouvinte a explorar uma nova faceta do artista. Essa combinação o torna acessível e interessante, especialmente para quem aprecia as influências country que Ringo sempre teve em sua trajetória.
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