Esse é mais um dos muitos lançamentos “obscuros” do mundo do Rock. Trata-se do único trabalho da banda britânica GRAIL, que existiu brevemente, de 1969 à 1970. O GRAIL continua a ser uma banda enigmática não apenas pela capa bizarra de seu único álbum, mas também pela sonoridade excêntrica e eclética que transitou entre o Hard Rock, Música Folk e Rock Progressivo e até mesmo música do Oriente Médio.
A história do GRAIL tem início em Londres em fins da década de 60 com Terry Spencer, guitarrista principal de uma banda “Freakbeat” chamada THE GAME. Sendo do tipo inquieto, Spencer era um aventureiro demais em relação a seus companheiros e decidiu formar sua própria banda, a LAVENDER GROVE junto com Stan Decker (baixo, guitarra, teclados). A dupla lançaria um single. Com o advento da “Era Progressiva”, Spencer e Decker recrutaram Dave Blake (violoncelo, cítara, flauta, vocais), Chris Perry (bateria, percussão), Paul Barrett (guitarra, clarinete, vocais) e Chris Williams (vocais, auto-harpa), com intenção de obter um som mais experimental, eclético e robusto. Nascia assim, o GRAIL.
Ironicamente, quando este primeiro e único álbum autointitulado do GRAIL foi lançado em 1970, o fundador Terry Spencer já havia deixado a banda. O álbum, se alcançou alguma fama, foi devido a aparição de um certo Rod Stewart (sim, ele mesmo), como produtor. Um detalhe interessante é que o álbum foi ignorado no Reino Unido e teve sua primeira prensagem na Alemanha com uma capa de álbum em preto e branco macabra, em seguida, foi lançado na França com uma capa igualmente sinistra, porém, mais “cartunizada” e colorida.
Musicalmente, “Grail” é um álbum “estranho”, pois as sete faixas são bastante distintas e diversas, deixando o ouvinte a se questionar se o play é uma compilação de vários artistas ou apenas de uma banda. A faixa que abre o disco, “Power”, é um Hard Rock com riffs de guitarra pesados e perversos que focam na agressividade da banda, distorção pesada e letras ocultas. A faixa seguinte “Bleek Wind High” dá uma volta completa de 180 graus e se transforma em um Folk-Rock-Prog lembrando algo na linha GNIDROLOG. “Day After Day” segue na linha Folk, mas com um pé no terreno psicodélico do final dos anos 1960, com muita flauta e dedilhado acústico. O álbum fica ainda mais estranho quando a faixa-título se desvia completamente para o território do Rock Indo-Raga com uma cítara pronunciada e o ritmo em forma de marcha.
O 2 lado original (dos áureos tempos do vinil) inicia com “Camel Dung” e seu ritmo nervoso aterrissando em um terreno típico do Rock Progressivo em assinaturas de tempo bizarras que encontram uma flauta e um tambor pelo caminho, e ainda absorve uma certa atmosfera musical do Oriente Médio. Esta faixa em particular exemplifica o que talvez seja o elo mais fraco do álbum – as habilidades vocais de Chris Williams. Provavelmente algumas composições do disco teriam ganhado mais vida com um vocalista de alcance mais amplo.
Depois da curta peça Folk, “Sunday Morning”, que traz um tranquilo órgão e alguns violões plácidos, surgem as duas peças finais, “Czechers” e “The Square”. Em “Czechers”, o GRAIL penetra novamente no território Folk com alguns momentos irreverentes e um som psicodélico hipnótico. Devido a atmosfera bizarra e excêntrica, essa faixa leva o ouvinte a pensar que pode ter sido criada de improviso pela banda. “The Square” demonstra um ritmo esquizofrênico em contraste com uma belíssima flauta. Os momentos mais “hard” se encontram na bateria e nos vocais. Essa é mais uma composição estranha, marcante por sua construção no mínimo bizarra.
Em resumo, “Grail” é um álbum intrigante e bizarro, e embora imperfeito em muitos aspectos, certamente é uma viagem louca e selvagem.
Durante uma turnê pela Europa em dezembro de 1970, os músicos do GRAIL se desentenderam provocando a dissolução da banda. Anos mais tarde o vocalista Chris Williams iria se juntar ao grupo alemão ABACUS.
Artista: GRAIL
País: Reino Unido
Gêneros: Hard Rock, Heavy Psychedelic Rock
Álbum: Grail
Ano: 1970

Grail – Grail
01. Power (7:20)
02. Bleek Wind High (4:30)
03. Day After Day (3:26)
04. Grail (4:42)
05. Camel Dung (5:05)
06. Sunday Morning (3:31)
07. Czechers (6:22)
08. The Square (4:52)
Duração: 40:25
Músicos
• Chris Williams: Vocais e auto-harpa
• Paul Barrett: Guitarra, clarinete e vocais
• Dave Blake: Cello, citara, flauta e vocais
• Stan Decker: Baixo, guitarra e teclados
• Chris Perr: Bateria e percussão
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