Tunde Adebimpe estreia em carreira solo com álbum que une ficção científica e emoções à flor da pele

Disco “Thee Black Boltz” apresenta fusão de soul, funk e art-rock com produção cuidadosa e referências ao futuro e ao íntimo

Tunde Adebimpe, conhecido como vocalista do TV On The Radio, lançou seu primeiro álbum solo. Intitulado “Thee Black Boltz”, o trabalho chegou ao público com uma proposta sonora que mistura retrofuturismo e experiências pessoais.

O disco se estrutura sobre elementos de soul, funk e art-rock, mas com produção detalhista e colaborações pontuais. Entre os nomes envolvidos, destacam-se o multi-instrumentista Wilder Zoby e o baterista Jahphet Landis, parceiro de turnês do TVOTR.

A faixa de abertura, que leva o nome do álbum, já estabelece o clima: camadas de voz distorcidas e ambientações que remetem à ficção científica. Mesmo com essa atmosfera tecnológica, o conteúdo permanece ligado ao cotidiano e às emoções de Adebimpe.

Tunde Adebimpe - Thee Black Boltz
Tunde Adebimpe – Thee Black Boltz

“Magnetic” talvez represente o centro temático da obra. Com linhas que mencionam viagens espaciais, o artista costura uma reflexão sobre a trajetória humana. “Pensei no meu tempo no espaço; pensei sobre a raça humana”, diz em um dos versos.

Logo em seguida, “Ate the Moon” apresenta arranjos puxados pelo groove do funk. A letra recorre a imagens celestes, mantendo a tensão entre o fantástico e o pessoal. A entrega vocal, cheia de nuances, contribui para a força da faixa.

O álbum se desenrola em diferentes texturas. “Drop” inicia com um beatbox descontraído e evolui para uma construção mais densa. Já “ILY” se volta ao afeto direto, sem artifícios: “Eu te amo com um coração puro e verdadeiro”, canta Adebimpe.

Em “The Most”, a pulsação eletrônica sustenta uma composição que se equilibra entre a acessibilidade do pop e a ousadia experimental. A canção amplia o alcance do disco e reforça sua proposta de flutuar entre o cerebral e o sensível.

A última faixa, “Streetlight Nuevo”, fecha o ciclo com suavidade, mas sem abrir mão da inventividade. O artista conduz o ouvinte por um percurso que alterna momentos de introspecção e celebração, sem rigidez de forma ou gênero.

“Thee Black Boltz” não surge como ruptura, mas como expansão do que Adebimpe já cultivava em sua banda. O novo trabalho mostra como a experimentação pode coexistir com narrativas humanas claras e acessíveis.

O álbum está disponível nas plataformas digitais e marca um novo capítulo para Adebimpe. A obra aponta um caminho em que liberdade criativa e escuta sensível andam lado a lado.

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