Nos anos 80, quando o heavy metal britânico ganhava força, bandas como Judas Priest, Iron Maiden e Def Leppard consolidaram-se como expoentes do gênero. Entre esses nomes, o Saxon emergiu como guardião da essência mais crua do metal, herdando diretamente a aspereza do hard rock dos anos 70.
Diferente de seus contemporâneos – que exploravam o progressivo ou mirava o mercado americano – o Saxon manteve-se fiel ao metal mais visceral. Influenciados por Motörhead e com a mesma atitude de bandas como Deep Purple, Thin Lizzy, Budgie e Led Zeppelin, criaram um som que combinava potência e autenticidade.
Liderados por Biff Byford, encarnavam o espírito do metal clássico: guitarras distorcidas, atitude desafiadora e performances brutais. Enquanto outros buscavam sofisticação, o Saxon preferia o impacto direto – uma filosofia que mantém até hoje como um dos pilares do metal tradicional.
Lançado em 3 de abril de 1980, “Wheels of Steel” consolidou o Saxon como uma das principais forças da New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM). Combinando riffs pesados, letras diretas e uma energia crua, o álbum ajudou a moldar o heavy metal nos anos 80 e serviu de influência para bandas das gerações seguintes.
Gravado nos Ramport Studios, em Londres, com produção de Pete Hinton e Will Reid Dick, “Wheels of Steel” capturou o espírito do metal britânico emergente. A produção manteve uma abordagem crua, destacando as guitarras afiadas de Graham Oliver e Paul Quinn que interagem de uma forma que lembra a formação clássica do AC/DC, a bateria explosiva de Pete Gill e a voz marcante de Biff Byford.
O disco trouxe uma sonoridade mais definida em relação ao debut da banda, apresentando composições que equilibravam agressividade e melodias envolventes. O baixo de Steve Dawson forneceu peso às músicas, enquanto os solos inspirados deram ao Saxon um diferencial dentro da cena britânica da época.
O álbum contém alguns dos maiores clássicos do Saxon. “Motorcycle Man” abre o disco com velocidade e atitude, antecipando o metal acelerado que influenciaria o speed e o power metal anos depois. “Wheels of Steel”, faixa-título, tornou-se um hino da banda, com seu riff marcante e refrão poderoso.
“747 (Strangers in the Night)” se destacou por sua melodia envolvente e narrativa sobre um voo problemático devido a um blecaute. A música foi um dos singles do álbum, alcançando boa repercussão nas paradas britânicas. “Suzy Hold On” trouxe um tom mais acessível, enquanto “Machine Gun” encerrou o disco com um peso que antecipava o metal mais agressivo da década seguinte.
A turnê de “Wheels of Steel” foi fundamental para consolidar o Saxon na cena. A banda excursionou intensamente pelo Reino Unido e Europa, ganhando destaque ao dividir palcos com nomes como Judas Priest e Motörhead. Em agosto de 1980, o Saxon foi um dos destaques do primeiro Monsters of Rock, em Donington, evento que se tornaria referência para festivais de metal nos anos seguintes.
O desempenho ao vivo da banda, com uma presença de palco energética e um setlist repleto de hinos, ajudou a pavimentar o caminho para o heavy metal se tornar um fenômeno global. As apresentações de faixas como “Wheels of Steel” e “747 (Strangers in the Night)” consolidaram o status do Saxon entre os grandes do metal britânico.
A importância de “Wheels of Steel” vai além de seu sucesso inicial. O disco ajudou a estabelecer a identidade do heavy metal britânico e influenciou diversas bandas que surgiram nos anos seguintes. O Metallica, por exemplo, reconheceu a importância do Saxon em sua sonoridade inicial. Bandas de power metal como Helloween e Blind Guardian também beberam da fonte do heavy metal melódico apresentado no álbum.
Além disso, a estética sonora e visual da era “Wheels of Steel” serviu de referência para o desenvolvimento do metal na década de 80. O impacto do álbum pode ser visto no crescimento do movimento NWOBHM, na popularização do metal nos Estados Unidos e na consolidação do Saxon como um dos grandes nomes do gênero.
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