“Rock Alternativo: 50 Álbuns Essenciais” é uma leitura obrigatória para quem quer conhecer mais sobre os principais trabalhos do estilo. Com uma leitura fluida, o autor Daniel Rezende resenha a nata do que se convencionou chamar de rock alternativo.
Professor universitário e pesquisador da área de Comportamento do Consumidor na Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais, Daniel Rezende consegue, em seu livro de pouco mais de 140 páginas, criar um guia essencial em nossa língua.
Ao analisar o sumário, muitos podem sentir falta de álbuns símbolos da cultura alternativa, como “The Velvet Underground & Nico” ou mesmo “#1 Record” do Big Star. No entanto, já no préfacio, qualquer desconfiança (se é que existia alguma) se dissipa. Segundo explica o autor, a escolha de iniciar as resenhas a partir de 1978 se dá não apenas pela proximidade com os anos 1980, quando surgiu o indie chart (parada dos discos independentes) na Inglaterra, mas também porque bandas como Wire, Gang of Four e Echo & the Bunnymen influenciaram diretamente a cena indie que explodiu no início da década seguinte.
Sabemos que definir o rock alternativo não é uma tarefa fácil, e o próprio Rezende defende essa ideia. No entanto, ele não se furta a dar sua visão sobre o assunto e argumenta que “… o fato de inicialmente estar ligado fortemente à cena pós-punk fez com que o som alternativo apresentasse predominantemente características dessa vertente e suas derivações: em geral, um som mais sujo, sem virtuose e pirotecnias, baseado em guitarras, mas aberto a experimentações (especialmente com a incorporação da eletrônica)”.
Depois desse prâmbulo bem argumentado, só nos resta dar uma olhada nos títulos resenhados. Antes, porém, cabe alguns apontamentos. O primeiro, já mencionado no início deste texto, é que o livro é um guia essencial para os amantes do estilo. Além disso, é uma ótima obra de consulta e pode muito bem ser daqueles escritos de cabeceira, sempre ao alcance das mãos para pesquisar sobre artistas do gênero.
Dito isso, a leitura é fluida e agradável. Em pouco mais de uma página ou duas, Rezende consegue transmitir toda a simbologia e o entendimento histórico e sensorial sobre os discos resenhados. Quanto à seleção das obras, senti falta de um ou outro álbum, mas isso não tira o brilhantismo do livro.
Estão aqui clássicos como “Nevermind” do Nirvana, “OK Computer” do Radiohead, “The Queen Is Dead” do The Smiths e “Loveless” do My Bloody Valentine. Há também álbuns que representam o elo perdido, como “Dig Me Out” do Sleater-Kinney, “Oceans Apart” do The Go-Betweens e “Firewater” do Silkworm, para citar alguns.
Por fim, me deparei com alguns discos e artistas que não conhecia. Não que eu tenha a obrigatoriedade de ter na ponta da língua todo o conhecimento musical, mas é de grande valor quando encontramos um livro que nos permite descobrir o novo. Afinal, é isso que se espera de uma obra: o prazer da descoberta e a busca pelo desconhecido.
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